O ministro do Esporte Aldo Rebelo afirmou nesta segunda-feira acreditar que o impasse envolvendo a linha de crédito aprovada pelo BNDES para a construção do Itaquerão, que ameaça até paralisar as obras do estádio, será resolvido. O banco de fomento aprovou uma linha de crédito de R$ 400 milhões para a obra, mas o Banco do Brasil avisou que não vai liberar o valor se a Odebrecht, responsável pela construção do estádio corintiano, não der as garantias necessárias para concretizar a operação.
"Primeiro é preciso esclarecer que banco público, nenhum deles, empresta dinheiro a clube. Existe essa decisão. Nem ao Corinthians, ao Palmeiras nem a nenhum outro. O empréstimo é feito à construtora porque ela pode apresentar garantias. E não são suficientes garantias sobre lucros futuros. Tem de ser em ativos reais, já existentes. Esse foi o critério em todos os empréstimos", afirmou, em entrevista à Rádio Jovem Pan.
Rebelo lembrou que um impasse parecido afetou a obra de reforma do Beira-Rio, em Porto Alegre, que chegou a ser paralisada por causa do problema. O ministro acredita que as partes se entendam logo, mas o problema é que o Banco do Brasil exige que a Odebrecht use seu patrimônio ou dê uma garantia bancária. E ele espera que a construtora faça isso.
"A Odebrecht tem uma grande carteira de obras. A Andrade Gutierrez (construtora do Beira-Rio, em Porto Alegre) também teve problemas em função das garantias dos ativos apresentados. Lá o problema foi resolvido satisfatoriamente. Aqui em São Paulo eu creio que vá acontecer a mesma coisa. o estádio é uma bela solução para a Zona Leste. Obras federais, do governo do estado e da prefeitura vão dar suporte à região. É uma obra de interesse público para melhorar o IDH de uma região importante de São Paulo", disse.
Diante do impasse, Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, levantou a possibilidade de parar as obras do estádio se o dinheiro não sair dentro de um mês. Para que isso não aconteça, o Banco do Brasil precisaria aceitar as garantias oferecidas pela Odebrecht. O Itaquerão receberá em 2014 a partida de abertura da Copa do Mundo.
O ministro do Esporte aproveitou também para pedir mais uma vez que a realização do Mundial no Brasil sirva para profissionalizar a gestão do futebol como legado. "Eu acho que deveríamos aproveitar a realização da Copa para concretizar dois objetivos. Um deles é a profissionalização dos clubes e das entidades do esporte. Os clubes não podem ser administrados de forma amadora ou semi-amadora. O outro objetivo é a estabilidade institucional. Os mandatos têm de ter limite de tempo. Isso é importante até para que os clubes e as modalidades tenham suas marcas valorizadas. O governo põe sua marca para financiar diversas modalidades, como voleibol, atletismo e ginástica. É correto, nesse sentido, que o governo tenha como expectativa a profissionalização da gestão", disse.
Nesta terça, Rebelo vai se reunir com Joseph Blatter, presidente da Fifa, e Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, na sede da entidade, em Zurique, na Suíça, onde vai tratar de assuntos relativos à organização da Copa das Confederações, neste ano, e da Copa do Mundo de 2014.
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