Raríssimas vezes na história o torcedor brasileiro teve o privilégio de ver no país um duelo como o que será visto neste domingo (16), a partir das 19 horas, na Arena Pernambuco. Estarão em campo os atuais campeões do mundo e da América, Espanha e Uruguai. Não à toa, a procura por ingressos foi uma das maiores da Copa das Confederações - as entradas estão esgotadas - e a expectativa pela partida é enorme no Recife.
A promessa é de um choque de altíssimo nível na abertura do Grupo B da competição. Um confronto de estilos. De um lado, os espanhóis com o seu insistente e envolvente toque de bola. Do outro, a força dos uruguaios, que marcam e partem para o contra-ataque com a eficiência de pouquíssimas seleções na atualidade.
O favoritismo pende para a Espanha, que entrou definitivamente na rota do sucesso a partir de 2008, quando conquistou a Eurocopa e acabou com a sina de que sempre montava boas equipes, mas era incapaz de obter resultados expressivos. Depois, a seleção ainda conquistou o título inédito da Copa do Mundo em 2010 e mais uma vez a Eurocopa, no ano passado. Para completar a sua sala de troféus falta apenas a Copa das Confederações, torneio que os espanhóis decepcionaram em 2009, quando caíram na semifinal diante dos Estados Unidos, que na sequência foram derrotados pelo Brasil.
O Uruguai também busca um título inédito. Mais do que isso, tenta provar para si mesmo que a sua volta ao grupo dos melhores do mundo não é passageira. O retorno à elite do futebol veio com o quarto lugar na Copa do Mundo de 2010 (melhor campanha desde o Mundial de 1970) e a consolidação no ano seguinte, com o título da Copa América. Mas a fase atual não é das melhores. Nas Eliminatórias para o Mundial, a Celeste ocupa a modesta quinta colocação, o que obrigaria a equipe a ter de disputar em novembro a repescagem contra um time asiático.
A aposta para a partida deste domingo é que a raça de jogadores como Lugano e o talento de atletas como Luis Suárez e Cavani façam a seleção uruguaia superar as suas deficiências e surpreender. "Quanto menos espaço a Espanha tiver para jogar, melhor. Temos de ser compactos", avisou o meio-campista Gastón Ramírez.
A tarefa, no entanto, não será nada fácil porque do outro lado estará um time com um vasto repertório de alternativas para derrubar os seus adversários. A Espanha é muito mais do que posse de bola. O time também prima pela eficiência com que o time ocupa os espaços, rouba a bola e parte ao ataque, por exemplo. A lista de protagonistas da seleção é extensa, com destaque para Xavi, Iniesta, Sergio Ramos e Piqué. São jogadores que dão suporte a atletas mais novos como Pedro, Javi Martínez e Jordi Alba. As opção são tantas que nem mesmo a ausência de nomes como Puyol e Xabi Alonso, machucados, é capaz de fragilizar a equipe.
O técnico Vicente Del Bosque convocou nove jogadores do Barcelona e neste domingo deverão começar jogando nada menos do que oito atletas do time catalão. O seu maior mérito foi dar continuidade ao trabalho do antecessor Luis Aragonés e aprimorar a equipe com ajustes pontuais. A bem da verdade é que o DNA da seleção espanhola é o mesmo do Barcelona. O estilo de atuar dos dois times é baseado no controle da bola, no talento criativo e no jogo coletivo.
É isso que o torcedor verá em campo neste domingo. Del Bosque sabe que a partida será bem diferente do amistoso que as duas equipes disputaram em fevereiro, no Catar, vencido pelos europeus por 3 a 1, sem grandes dificuldades. Para superar a forte defesa uruguaia, Del Bosque já avisou os seus jogadores que a Espanha terá de usar todos os seus recursos. E isso é bom para que admira o futebol bem jogado.
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