Rei do Futebol, Pelé completa 75 anos nesta sexta-feira sem perder o fôlego

Estadão Conteúdo
23/10/2015 às 08:21.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:11

Pelé completa nesta sexta-feira 75 anos. Contrariando muita gente, ele não é um senhor de cabelos brancos, bigode grosso e que passa os dias sentado em uma cadeira de balanço contando histórias. O Rei, reverenciado no mundo muito antes de sair de campo e se tornar lenda, ainda está na ativa. Nesta semana, desembarcou na Índia para fazer a alegria de milhares de pessoas, apaixonados por ele e pelo futebol. A única coisa que queriam era tocá-lo.

Pelé não chuta uma bola desde 1977, quando se despediu pela última vez no jogo do New York Cosmos contra o Santos, no dia 1.º de outubro, no Giants Stadium, em Nova York, nos Estados Unidos, atuando um tempo para cada lado. Tinha 36 anos. E nunca foi esquecido. Continua apertando a mão de gente famosa, de presidentes a papas, mas sempre que pode se refugia onde mais gosta de estar: em sua casa com a mulher, filhos e a criançada. Pelé é um senhor humilde, emotivo e bastante feliz.

Enfraquecido pela idade, cirurgias e internações nos últimos anos, como uma troca do fêmur por desgaste e que o impedia de andar, Pelé ainda não completou a sua missão. À reportagem, revelou três desejos aos 75 anos, que ele espera festejar com a família, como nos almoços de domingo. Aliás, seu maior desejo é que os familiares continuem unidos e com saúde. Pelé tem três filhos do primeiro casamento e mais dois do segundo, além da Flávia, fisioterapeuta que o tem acompanhado desde a primeira internação e susto.

Aos 75 anos, não é mais aquele homem vigoroso e forte como nas imagens imortalizadas que o mundo se acostumou a ver. Está mais encurvado. Precisa, por vezes, se apoiar em algo ou alguém para se manter ereto. Perdeu peso. Sua saúde é monitorada mais de perto. Nas ocasiões em que esteve internado, mudou a rotina do hospital em um grande teste de popularidade. Funcionários choravam só de vê-lo passar no corredor. Seu carisma continua em alta em todas as camadas da sociedade. "A Flávia só me puxa a orelha quando não cuido da saúde, mas graças a Deus, estou recuperado", garantiu.

As viagens pelo mundo, representando marcas com as quais têm contrato, tendem a diminuir. É promessa, diz. O desgaste é cada vez maior, embora consiga descansar nos voos. Pelé tem um ritual nos aviões, do qual não abre mão: pede para a aeromoça o acordar somente na aterrissagem. Não come nem bebe. Também não se livra dos sapatos nem se desarruma na poltrona. Dorme do começo ao fim da viagem.

Nestes anos em que sustenta seu reinado, Pelé viu uma série de postulantes ao trono ficar pelo caminho. Ninguém nunca chegou nem perto dele. Maradona foi quem mais se aproximou. Ronaldinho Gaúcho e Messi não são metade do que foi. Sempre que um jogador se destaca no futebol surge a notícia de que um "novo Pelé" está sendo forjado. O Rei nunca acreditou em substituto. Seu reinado morrerá como ele.

Suas opiniões sempre foram contestadas. Ganhou fama de pé frio pelos palpites furados no futebol. Disse que o Brasil ganharia a Copa do Mundo de 2014. Deu no que deu. Agora aposta tudo no time de Dunga. "Não ficaremos fora da Copa da Rússia". Esteve recentemente do lado de Blatter para mais quatro anos de mandato antes de a corrupção ser estourada na Fifa. Agora vê amigos do passados, como Beckenbauer, enrolados em esquemas de propinas.

Nesta semana, revelou à reportagem também outros dois desejos aos 75 anos: "que o planeta tenha mais igualdade" e "que o mundo possa viver em paz", como cantou John Lennon, com quem se encontrou nos Estados Unidos no fim da década de 70. Daí a dúvida de apostar que um dia Pelé vai mesmo sossegar e tomar seu lugar na história, de camarote, vendo a vida passar.
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