(MARKUS GILLIAR)
Eles aplicaram uma goleada histórica nos donos da casa e, no fim da história, levantaram o quarto troféu de campeões mundiaisno Maracanã. Mas nem por isso os jogadores da seleção alemã deixaram o Brasil como “personas non gratas”. Pelo contrário. Durante os 41 dias em que estiveram em terras brasileiras, Neuer, Thómas Müller, Klose e companhia esbanjaram simpatia. Na véspera de completar um ano da conquista do título alemão, o Hoje em Dia traz detalhes curiosos da passagem dos jogadores e da comissão técnica pelo país. Algumas cenas aconteceram bem longe da lente dos fotógrafos e cinegrafistas que acompanharam o dia a dia dos Bávaros. Um relatório obtido com exclusividade pela reportagem com o chefe da segurança dos jogadores alemães no Brasil, Rubem Kerber, revela segredos e curiosidades. AMEAÇADOS Sem que ninguém percebesse, alguns astros do time foram transportados de helicóptero até Eunápolis (BA) para fazer exames médicos minuciosos, por conta de indisposições estomacais e supostas viroses. Eles estiveram ameaçados de não participar de jogos decisivos. Em Recife, Schweinsteiger, que é muito religioso, quis visitar uma igreja. Para não chamar a atenção, ele usou um boné e roupas largas. Disfarçado, o jogador deixou o hotel acompanhado de um segurança que usava roupas normais. A segurança era tanta que toda vez que a delegação atravessava um rio perto da concentração, em Santa Cruz Cabrália (BA), a balsa era vistoriada por um mergulhador. DOAÇÕES A NATIVOS Os alemães demonstraram muita simpatia no contato com o povo brasileiro. Uma exigência deles era que todos os funcionários do hotel que serviu de concentração, em Santa Cruz de Cabrália, fossem moradores da região. Os jogadores trocaram presentes com nativos e indígenas, visitaram escola e foram à praia como qualquer cidadão. Antes de deixarem o Brasil, doaram cerca de R$ 30 mil à tribo Pataxó. Alguns atletas também fizeram doações a instituições locais. AGITO DO AXÉ MUSIC As músicas brasileiras caíram no gosto dos alemães, que se esbaldaram no “Lepo Lepo”, hit da banda baiana Psirico, a preferida de vários jogadores. Entre os mais animados estavam o goleiro Neuer e o volante Schweinsteiger. Eles chegaram a fazer aulas de dança na concentração com o professor de samba Tibúrcio (no meio dos dois atletas nesta foto), amigo dos brasileiros Dante e Rafinha, que jogam na Alemanha. Além dos familiares dos alemães, Tibúrcio era um dos poucos com livre acesso ao hotel. PERDIDO NA SEGURANÇA Uma das diversões dos jogadores alemães era aprender algumas expressões em português. “Ah, muleque” foi a primeira. Amigos de Rafinha e Dante, companheiros de Bayern, Neuer e Schweinsteiger (na foto) se divertiam aprendendo versos do hino do Bahia, clube do qual Dante é torcedor fanático. Numa tarde, os dois alemães deram o maior susto nos seguranças. Saíram sem avisar e usando camisas do Bahia se juntaram a alguns torcedores em um pequeno boteco próximo à concentração. REVERÊNCIA AOS CRAQUES Tidos como figuras reservadas, os alemães conquistaram o país ao esbanjar simpatia. Prova disso foi que nem após a goleada história de 7a 1 sobre o Brasil, no Mineirão, os atletas foram hostilizados por onde passaram. Quando a Seleção Brasileira venceu o Chile nas oitavas de final, no Mineirão, Schweinsteiger e Lukas Podolski postaram na internet um vídeo comemorando a vitória como se fossem brasileiros. O vídeo foi gravado no hotel onde eles estavam hospedados na Bahia. Clima de descontração, brincadeiras e despedida com festa Por causa das ruas estreitas de Santa Cruz de Cabrália (BA), o deslocamento dos jogadores e comissão técnica da Alemanha eram feitos em vans particulares. As que tinham equipamento para tocar CD’s com músicas baianas eram as preferidas dos atletas, que corriam para chegar na frente dos companheiros e garantir seus lugares no veículo. Podolski e Schweinsteiger gostavam de ir no banco da frente, ao lado do motorista, para ficar mexendo no som, repetindo as músicas favoritas. Amizade fora de campo O clima entre os jogadores alemães era de muita amizade e brincadeiras fora dos jogos e treinamentos. Schweinsteiger e Podolski eram os mais divertidos e não deixavam ninguém em paz. Uma das principais diversões da dupla era tirar o banco de quem ia ao banheiro durante os voos e camuflar com algum objeto. Quando o jogador voltava, quase caía e era motivo de piada no grupo. Quando estavam em folga, muitos iam a um campo de golfe próximo do alojamento para se distrair. Preocupados com o Brasil Ainda de acordo com o relatório do segurança Rubem Kerber, os alemães demonstraram muito mais preocupação antes do jogo da semifinal contra o Brasil do que na grande decisão contra a Argentina, no Maracanã, quando levantaram a taça, em 13 de julho de 2014, deixando os hermanos como vices. Festejando com Rhianna Após a conquista do título, no Maracanã, os jogadores seguiram para a concentração no luxuoso Hotel Sheraton, no Rio de Janeiro, onde houve uma festa particular com a presença ilustre do presidente da Uefa, o ex-jogador francês Michel Platini, e da cantora Rhianna, além de jogadores, comissão técnica e familiares dos vitoriosos.