Contratado no início de dezembro para o cargo de diretor executivo do Vasco, Renê Simões encontrou um ambiente conturbado logo em sua chegada. Em meio à grave crise financeira que o clube atravessa, o dirigente chegou vendo diversos jogadores reclamando do atraso de salários. Um deles foi o meia Felipe, que acabou afastado por Renê após declarações à imprensa. O caso teria gerado divergência com o presidente Roberto Dinamite, mas o novo dirigente negou.
"Não houve divergência entre eu, o presidente Roberto Dinamite e o Ricardo Gomes (diretor técnico). A parte do presidente é fazer política, a minha é tomar as decisões sobre o futebol, sobre contratações, orçamento. E o Ricardo é a parte técnica, a voz técnica. Essas funções estão definidas", declarou, em entrevista à Rádio Globo. "Estou respaldado pelo presidente."
A saída de Felipe havia sido confirmada por Renê Simões ao longo da semana, mas depois Dinamite disse que o jogador estava apenas afastado. O diretor de futebol, então, explicou que o meia está realmente fora dos planos, mas seguirá treinando porque o clube não tem dinheiro para rescindir seu contrato.
"Na entrevista do presidente, eu o alertei para ele não falar que estávamos rescindindo, porque o Felipe ainda tem contrato. Então, o jogador não faz parte dos planos nesse momento, por uma decisão minha, porque essa é minha função. O presidente disse que o jogador tem contrato e o jogador vai ficar no clube. Não temos dinheiro para rescindir o contrato e o jogador tem obrigações com o clube, então vai ficar. Obviamente, de uma forma diferente", comentou.
Renê ainda admitiu que a decisão de afastar Felipe se deu justamente pelas declarações do atleta, que disse que não poderia ser cobrado pelo clube já que não estava recebendo salários em dia. "O Vasco é muito grande, não pode ficar à mercê de ninguém. Tem que ser respeitado, nenhum funcionário pode dar uma entrevista dessa magnitude, dessa gravidade, e ficar tudo bem. Jogador de futebol é funcionário do clube, que recebe e muito bem".
Felipe, no entanto, não é o único insatisfeito no Vasco. Recentemente, o volante Fellipe Bastos também manifestou insatisfação com os atrasos. "No início de dezembro, o Fellipe Bastos deu declaração de que não havia sido pago, enquanto outros haviam, e que estava insatisfeito. Eu tive o cuidado de ligar para ele, explicar que o pagamento já havia sido feito - e talvez não computado por um erro técnico -, mas deixei claro que não havia gostado da declaração, apesar de respeitá-lo", disse Renê.
O dirigente ainda revelou uma reunião com o meia Carlos Alberto e elogiou a atitude do jogador. "Ninguém gosta dessa crise, o Vasco não gosta disso, os jogadores não gostam. Sentei com o Carlos Alberto, expliquei que não tinha como pagar o salário naquele momento e ele disse: 'professor, não tem problema, eu quero ajudar'. Ficamos acordado, então, eu e o Carlos Alberto."
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