O RJX venceu o jogo da final na Superliga Masculina de Vôlei, disputado neste domingo (14), no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, e se consagrou campeão.
Por 3 sets a 1, os cariocas mostraram porque conseguiram chegar tão longe na competição nacional. Apesar da vitória, a disputa pelo título inédito para o Rio não foi tão fácil quanto parecia.
Montado para ser campeão e jogando em casa, o time do bilionário Eike Batista não aceitou o histórico do clube cinco estrelas, que buscava o bicampeonato nesta temporada.
A equipe do Sada Cruzeiro abriu o placar e saiu na frente, faturando o primeiro set, que terminou com Cruzeiro 25 x 16 RJX. Na sequência, o Rio reagiu e venceu o segundo, por 25 a 18, deixando tudo igual na competição.
A equipe mineira venceu o primeiro set, mas perdeu os outros três seguintes para os cariocas (Foto:Vipcomm/Divulgação)
Mesmo com a persistência dos mineiros, o terceiro set foi novamente para a turma carioca, repetindo o placar, com Sada Cruzeiro 18 e 25 RJX. A equipe do Rio cresceu no jogo e ampliou a vantagem, ficando a apenas um set de levar o título.
Com o apoio forte da torcida, o RJX venceu também o último set, com 25 pontos e apenas 14 do Sada Cruzeiro. Assim, os mineiros voltam para casa sem o sonho de ser bicampeão.
Histórico de equilíbrio
Os dois times se enfrentaram quatro vezes nesta Superliga, com duas vitórias para cada lado, sempre favorecendo o mandante.
Na temporada passada, a primeira da equipe carioca, o Rio derrotou o Cruzeiro por 3 sets a 1 e levou o troco por 3 a 0. E neste ano, ambos os jogos foram decididos no tie-break.
Torcida fiel
Grandes finais costumam ficar na memória pela atmosfera que é criada dentro e fora da área de competição. E isso foi perceptível no Maracanãzinho, neste domingo, durante o encontro entre RJX e Cruzeiro. Enquanto as equipes disputavam o título da Superliga, duas torcidas, ainda que antagônicas, fizeram o ginásio “pulsar”.
Em maior número, os torcedores do RJX incentivavam o time “conforme a música”. Mostrando uma visível falta de sintonia com o clube, os cariocas não tinham as tradicionais manifestações espontâneas das arquibancadas e se apoiavam em músicas do DJ do local para apoiar a equipe.
Do outro lado, cerca de três mil cruzeirenses enfrentaram 9 horas de viagem de ônibus para acompanhar a equipe. Apesar de serem minoria, mostraram maior empatia com o clube e incentivaram até o fim.
A técnica em química Fernanda Mattos, de 32 anos, e o estudante Helder Alves, de 23, são um exemplo dessa afinidade. Os amigos levaram a paixão do futebol para o vôlei e nos últimos três anos viajaram para apoiar o Cruzeiro nas decisões do torneio. Nesta final, foram à loucura no primeiro set, quando a equipe não tomou conhecimento do rival e venceu por fáceis 25 a 15.
“Na primeira vez que vi uma final, contra o Sesi, senti que o Cruzeiro chegou ali mais na empolgação. No ano passado, viajei com a certeza de que ganharíamos do Vôlei Futuro. Hoje, estava meio tensa, já que o RJX é o nosso maior desafio até aqui. Mas pelo o que foi o primeiro set, acho que vamos ganhar”, afirmou Fernanda, ainda na primeira etapa.
Entretanto, a tensão inicial da cruzeirense foi justificada a partir do segundo set. O RJX reagiu, misturou ímpeto de vencedor à técnica e tomou as rédeas da partida. Paralelamente, a torcedora gritava quando via a bola cair no lado mineiro da quadra, pedindo reação aos atletas do Cruzeiro. Como não era correspondida, seu braço e pescoço ficaram marcados por suas unhas durante os momentos de aflição.
E assim foi até o final do jogo. Abatidos, os cruzeirenses até tentaram reagir com coros de apoio, mas o esforço foi em vão. Quem mais lamentou foi Helder, que viajou ao Rio com a esperança de assistir pela segunda vez um título do Cruzeiro nas arquibancadas. Ainda assim, reconheceu o esforço da equipe. “Faz parte a derrota, mas valeu a pena vir para o Rio. Vim por amor ao Cruzeiro e espero volta mais vezes, mas da próxima ganhando outro título”, completou o torcedor celeste.
Estranhos no ninho
Perto dos cruzeirenses Fernanda e Helder, se encontrava um casal meio silencioso, que preferia esperar pacientemente pela grande decisão a conversar com os demais torcedores. A timidez aparente tinha motivo: após chegarem um pouco tarde e não encontrarem bons lugares em meio a torcida do RJX, a aposentada Sueli Meireles, de 63 anos, e seu marido, Laércio Fernandes, de 60, resolveram assistir o encontro no lado mineiro. E não se arrependeram.
Apesar de “estranho no ninho”, Laércio, trajando a camisa verde da equipe carioca, seguiu a tônica do restante de sua torcida incorporando o jeitinho mineiro durante a partida. De mansinho, como quem não quer nada, vibrava com um ponto conquistado, lamentava o primeiro set e tentava mostrar sua expectativa com o RJX.
(*Com informações de Felippe Drummond Neto)