A um jogo de igualar o feito de Pelé pelo Santos e se tornar o jogador que mais defendeu um mesmo clube no futebol brasileiro, Rogério Ceni finalmente encerrou o jejum de gols, que durava desde julho. Nesta quarta-feira, em Itu, ele marcou de pênalti, pôs fim a uma incômoda e inédita série de quatro cobranças desperdiçadas, e abriu o placar para a vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo pela 34.ª rodada do Brasileirão.
Agora o São Paulo depende do time carioca para sonhar com a chance de ir à Libertadores pelo Brasileirão. Isso porque se o Atlético Paranaense vencer o Flamengo na final da Copa do Brasil e seguir no G4 do Nacional, abre mais uma vaga na próxima edição do torneio continental. O São Paulo foi a 49 pontos, em sétimo, contra 54 do Botafogo, o quinto.
A prioridade do time tricolor, porém, é a Copa Sul-Americana, que também vale vaga na Libertadores. Por isso a tendência é Muricy Ramalho poupar o time contra o Fluminense, domingo, no Maracanã. Na quarta a equipe pega a Ponte Preta pela competição continental. Na sequência, confronto direto contra o Botafogo, novamente no interior, porque o clube cumpre perda de mando de campo.
O Flamengo também pensa em outra competição. No domingo visita o Grêmio em Porto Alegre e deve escalar reservas. Com 45 pontos, tem chances remotas de cair. Na quarta, enfrenta o Atlético-PR no primeiro jogo da final da Copa do Brasil. A volta é dia 27, no Rio.
O JOGO - A partida começou de forma inédita. O São Paulo deu a saída e jogou a bola para Elias, que devolveu para Denilson. O são-paulino tocou para Hernane e este retribuiu para Wellington. A bola então chegou a Rogério Ceni, que deu um chutão até Paulo Victor. Os dois goleiros ficaram trocando bola até que o relógio chegasse a um minuto. Só aí o São Paulo deu início ao jogo.
A cena, inesperada, se deu porque o árbitro Alicio Pena Júnior vetou o protesto do Bom Senso FC. Foi combinado pelo grupo que, em todos os jogos do Brasileirão, seria respeitado um minuto de silêncio antes da partida, com os jogadores dos dois times permanecendo de braços cruzados em protesto contra o calendário da CBF.
Mas Alicio decidiu não dar o minuto de silêncio e ameaçar punir os atletas caso eles permanecessem de braços cruzados após o apito inicial. Rogério Ceni então reuniu os jogadores dos dois times e sugeriu a nova forma de protesto. Enquanto um time passava a bola para o outro, todos os demais jogadores seguiam parados, de braços cruzado. E Alicio não podia fazer nada.
Depois de mais um minuto de jogo de verdade a partida precisou ser paralisada de novo. Desta vez porque um irrigador do Novelli Júnior foi ligado e atrapalhou a continuidade da partida, que ficou parada por outros cinco minutos.
Quando tudo voltou ao normal, São Paulo e Flamengo fizeram um bom primeiro tempo. Diferente de outras partidas, o time paulista tinha uma zaga consistente, com Rodrigo Caio e Antônio Carlos. Na frente, Ademilson era mais perigoso que Luis Fabiano, enquanto Aloísio, poupado, via tudo da tribuna.
O São Paulo ameaçava bem mais que o Flamengo e poderia ter ido para o intervalo na frente, não fossem as chances perdidas por Douglas - que recebeu nas costas da zaga, sozinho, e errou o domínio -, e Luis Fabiano, que chegou atrasado num lindo passe de calcanhar de Douglas e foi antecipado por Paulo Victor. Rogério Ceni tentou de falta e mandou por cima do travessão.
O goleiro iria mais uma vez ao ataque, numa falta que parou na barreira, antes de abrir o placar. Já na segunda etapa, aos 2 minutos, Luis Fabiano foi travado por Elias e caiu na área. Como capitão, Ceni assumiu a responsabilidade, bateu o pênalti no canto direito de Paulo Victor, e acabou com o jejum. Na comemoração, muita festa e muitos tapas na cabeça. Homenagem dos são-paulinos ao ausente Aloísio.
O segundo gol saiu aos 17 minutos. André Santos errou passe e deu para Ganso. O meia foi muito mais preciso. Com toda tranquilidade que lhe é peculiar, rolou para Ademilson. O atacante também foi bem. Bateu de primeira, tirando de Paulo Victor, e ampliou.
Parecendo desinteressado, o Flamengo não reagiu, permitindo que o São Paulo continuasse mandando no jogo. Ademilson até mandou a bola mais uma vez para as redes, mas o lance estava parado por impedimento.
FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 2 X 0 FLAMENGO
SÃO PAULO - Rogério Ceni; Paulo Miranda, Antônio Carlos, Rodrigo Caio e Reinaldo; Denilson, Wellington, Douglas e Paulo Henrique Ganso; Ademilson e Luis Fabiano. Técnico - Muricy Ramalho.
FLAMENGO - Paulo Victor; Léo Moura, Chicão, Wallace e André Santos; Amaral, Luiz Antonio, Elias e Carlos Eduardo (Bruninho); Paulinho e Hernane. Técnico - Jayme de Almeida.
GOL - Rogério Ceni, de pênalti, aos 3, e Ademilson, aos 17 minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO - Alicio Pena Junior (MG).
CARTÕES AMARELOS - Paulo Miranda, Antônio Carlos, Denilson, Ademilson, Luis Fabiano, André Santos e Amaral.
RENDA - R$ 170.311,00.
PÚBLICO - 15.636 pagantes.
LOCAL - Estádio Novelli Júnior, em Itu (SP).
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