(Cristiane Mattos/Atlético)
Pentacampeão do mundo pela seleção brasileira em 2002, vencedor da Liga dos Campeões pelo Barcelona em 2006 e depois da Copa Libertadores pelo Atlético em 2013, Ronaldinho Gaúcho exaltou nesta terça-feira (17), durante entrevista coletiva em Marrakesh, a importância que a possível conquista do Mundial de Clubes da Fifa teria para ele e para o clube brasileiro, cuja estreia na competição será nesta quarta, contra o Raja Casablanca, às 17h30 (horário de Brasília).
O craque lembrou que esse "é o único título que falta" para a sua carreira e que o troféu da competição daria aos atleticanos uma glória inédita, assim como colocaria o time em outro patamar no cenário internacional. "A motivação é de conquistar esse título, de poder levar o nome do Atlético ao lugar mais alto do futebol. A motivação é fora do normal e estamos muito preparados para este jogo", ressaltou.
Em seguida, o astro afirmou que vem conquistando grandes objetivos pelo Atlético, que nesta temporada ganhou uma inédita Libertadores, mas ele mostrou que ainda não está totalmente satisfeito e quer mais uma taça de expressão em 2013. "Meu sonho era fazer história no clube, e agora veio essa possibilidade de levar o nome do Atlético mais longe ainda, e a motivação é essa. E estar mais motivado é impossível", destacou, para mais tarde avisar: "Desde que cheguei ao Atlético eu vivi um ano e meio maravilhoso, mas agora quero fechar com chave de ouro".
Já ao ser questionado sobre como é voltar a disputar o Mundial de Clubes, depois de ter caído junto com o Barcelona diante do Internacional na final de 2006, Ronaldinho disse que "a vontade é tão grande como da outra vez (de ser campeão), mas agora é diferente porque é a primeira vez que o Atlético está jogando a competição".
O craque ainda disse que aquela derrota de 2006 serve como "motivação para voltar para casa com o título". "A tristeza é grande toda vez que não se conquista um título importante", admitiu, pouco depois de ter enfatizado o peso que essa possível conquista teria para os jogadores atleticanos. "São jogadores que querem entrar para história do clube. Da última vez que joguei o Mundial, também queria muito o título, e quero entrar para a história do Atlético."
Leia a entrevista completa abaixo:
Você se tornou a maior personalidade no Marrocos durante a disputa do Mundial. Como é ser o Ronaldinho, ídolo de todas as torcidas?
Fico muito feliz de ter meu trabalho reconhecido aqui no Marrocos. Em todo lugar que fui, só tive alegria na carreira. Tenho q agradecer o carinho de todos os marroquinos. A responsabilidade é a de sempre, levar o nome do Atlético o mais alto possível no futebol. A minha maior motivação é conquistar o título. Estou preparado e motivado, um sentimento fora do normal.
Como está se sentindo poucas horas antes da estreia no Mundial?
A motivação é muito grande. Desde que vim para o Atlético, meu sonho era fazer história no clube, levar o nome do Galo o mais longe possível. A motivação é essa.
Você ainda sente uma pressão ao entrar em campo, por tudo que conquistou e a expectativa que todos depositam no seu talento?
Sempre. Na minha carreira, foi sempre assim. Tento demonstrar a cada partida, a cada ano, a cada oportunidade o meu potencial, junto, é claro, dos meus companheiros. Espero fazer dois jogos maravilhosos no Mundial e fechar com chave de ouro este 1,5 ano e meio no Atlético.
Como anda a cabeça do Ronaldinho?
A motivação é fantástica. Tive uma grave lesão (ruptura do adutor da coxa esquerda) há pouco tempo. Vivi toda esta preparação para chegar ao Marrocos. Por isso, a motivação é fora do normal. Poucos atletas têm a felicidade de disputar, com essa idade (33 anos) e este nível técnico um Mundial. Só tenho a agradecer aos demais companheiros, pois não estou aqui sozinho. É sempre o coletivo, e procuro fazer minha no grupo.
Ronaldinho afirmou que vem conquistando grandes objetivos pelo Atlético (Foto: Lucas Prates/Hoje em Dia)
Acha que uma boa exibição no Mundial pode facilitar sua volta à Seleção Brasileira?
Hoje sou penso no Galo, minha cabeça está 100% no Galo. A motivação agora dar alegria à torcida do Galo, representar bem o nome do Brasil e do meu clube. O foco só está aqui. Mas sei que o mundo todo está me vendo, e tenho no currículo conquistas importantes. Mas tudo no seu tempo. Mas certamente também quero estar no lugar mais alto, que é na Seleção Brasileira.
O Cuca está de saída do Atlético, para o futebol chinês. Como acompanha essa situação?
É muito legal para ele. O Cuca é um cara que acreditou e apostou em mim, nos deu uma ideia de grupo. Estão reconhecendo o trabalho dele, e muito bem reconhecido (risos). Isso é um motivo de alegria. Mas o foco é só no Mundial, só no Galo. Espero que, futuramente, boas coisas aconteçam para o Cuca e todo o restante do grupo.
Você disputou e perdeu o Mundial de 2006 com o Barcelona. Sua motivação de agora é parecida com a daquela oportunidade?
A vontade é tão grande como a da época do Barcelona. É diferente pelo fato do Atlético está vindo aqui depois de 100 anos, tendo a oportunidade de jogar um Mundial. A única diferença é essa. Os jogadores do Galo querem entrar para a história do clube e marcar seu nome. Da outra vez, também queria muito ganhar. Em 2006, senti uma tristeza grande. Toda vez que não ganhamos, fica esse sentimento. Agora, quero voltar para casa feliz.
Tem a vontade sair do hotel, dar uma volta e conhecer Marrakesh?
Sou consciente que o povo de Marrakesh me reconhece, por tudo que joguei. Também joguei em Paris (Paris Saint-Germain) e fiz amizade com muitos marroquinos. Mas o foco é só em jogar. Futuramente, quero voltar ao Marrocos, como turista.
Todos acreditavam que o Monterrey seria o adversário do Galo na semifinal. Te surpreendeu a vitória do Raja Casablanca?
Todo mundo só falava no Monterrey. Conhecíamos pouco do Raja. Mas vimos os jogos deles, é uma equipe forte, muito boa. Estamos nos preparando bem, porque sabemos que o duelo será uma pedreira.
Os jogos do Galo no Mundial serão transmitidos no Independência. Isso dará uma força a mais para vocês?
Os companheiros e amigos de BH estavam mesmo comentando dos telões no Independência. Todos nós estaremos juntos, acreditando no título. Esta energia positiva, mesmo vindo de longe, será importante. Mas vamos manter nosso estilo de jogo, vimos o que fizemos de certo e errado ao longo ano. Queremos muito fazer um grande jogo para chegar à final.
Vivien Mabide,do Raja Casablanca, disse que você não é mais o jogador do Barcelona, que só joga com o nome. O que acha disso?
É logico que não sou o Ronaldo do Barcelona, sou o Ronaldo do Atlético, há um ano e meio. A minha qualidade já mostrei para os torcedores do Galo. Isso é que o que importa. Falar é bom... Vamos mesmo é jogar.
Este é um dos jogos mais importantes da sua carreira?
No meio do futebol, sempre falamos que o próximo jogo é sempre o mais importante. Tive várias competições e títulos ao longo da minha carreira. Essa é mais uma chance de entrar para história do Atlético. Mas é difícil colocar na escala dos jogos mais importantes. Falta ess título na carreira, e a motivação é grande.
Os torcedores do Galo invadiram Marrocos. Essa força ajudará vocês em campo?
É muito importante ter o torcedor a favor. Ainda mais que o rival joga em casa. Os torcedores do Galo sempre foram importantes pra gente, nos passam mais confiança para gente.
Acha que o Bayern de Munique está desprezando o Mundial?
Não, eles também estão muito motivados. Tenho amizade como Rafinha (lateral do Bayern), conversamos sempre. Eles vêm com seriedade. Estão loucos para fechar o ano com chave de ouro, passar um natal feliz.
O que acha do time alemão?
Gosto de muitos jogadores do Bayern, independentemente de posição. São muito bons e destaque em seus países. Mas vim ao Marrocos com meu jeito de sempre, para fazer minha parte. E se os caras deixarem, vou fazer história outra vez.
Como é sua relação com o técnico Pep Guardiola?
É bom ter um amigo do outro lado, um cara que está fazendo história no Bayern. Mas estou pensando no Raja, primeiro adversário.
Se considera o protagonista do Mundial?
Não tem nada de protagonista. Só quero jogar minha bola, como sempre fiz, com meu jeitinho.
Sente algum incômodo da lesão que sofreu recentemente?
Não sinto incomodo nenhum. Estou muito confiante, pois a preparação foi boa. Estou muito confiante. Quero jogar bem, como aconteceu no último jogo (2 a 0 no Vitória, com dois gols de Ronaldinho, pelo Brasileiro).
(* Com Agência Estado) - Atualizada às 18h07