Ronaldo admite falhas em torneio e aprova protestos

Robson Morelli
22/06/2013 às 16:15.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:22

Em entrevista no hotel Sheraton, onde se hospeda com o estafe da Fifa em Salvador, Ronaldo admitiu que há problemas na organização da Copa das Confederações. Disse na condição não de comentarista da Globo, mas de membro do Comitê Organizador Local (COL). Um dos principais personagens da Copa do Mundo no Brasil, o ex-atacante da seleção também valorizou o discurso da presidenta Dilma Rousseff sobre as manifestações que explodiram no País cobrando, entre outras coisas, os gastos públicos com a competição. E isso o fez discordar de Pelé, que pediu para que o povo parasse com as manifestações e torcesse pela seleção. Ronaldo defende o momento nas ruas do povo brasileiro. "O Brasil acordou."

Ele também gostou do discurso presidencial. "Acho que a presidente saiu para dar satisfação ao povo. Está todo mundo exigindo mudanças. Ela prometeu o que está todo mundo pedindo. O povo está vendo que com manifestações dessa magnitude consegue melhorar as coisas, desde que elas sejam pacíficas."

Ronaldo também comentou o susto que levou com os protestos bem perto de seu hotel, e da bomba de gás lacrimogêneo que estourou nos seus pés. "Chegamos a Salvador na quinta. Os manifestantes vieram para o hotel, quebraram um ônibus dos árbitros e a polícia reagiu com bombas de gás. Eu estava em cima, mas o vento trouxe o gás. Meus olhos arderam, foi muito ruim. Não tive medo porque eu também sou do povo, reivindico exatamente tudo o que o povo reivindica. Fifa e COL estão acompanhando a movimentação. Queremos ver uma competição sem violência. Para isso foi pedido mais segurança para os árbitros, delegações, nos estádios, para que não haja violência. Todos estão gostando de ver como uma mobilização popular pode dar um rumo ao país. Se eu não fosse do COL, iria nas manifestações, mas não sei se daria certo."

O ex-jogador praticamente endossou tudo o que os manifestantes pediram nas ruas, e colocou o dedo numa grande ferida, a corrupção. A maioria dos jovens ouvidas pelos jornalistas nesses dias de protestos cobram a honestidade dos nossos governantes. Ronaldo fez o mesmo. "Não são só os 20 centavos (do ônibus). O povo quer o fim da corrupção, quer escolas, educação. Estamos nessa situação não por falta de dinheiro. É por causa de desvio de dinheiro, o povo não é contra a Copa, é contra a corrupção. Os protestos, dessa forma, foram surpreendentes." Ele também defendeu o COL e a Fifa. Disse que esses órgãos não contratam empreiteiras nem discutem os valores das obras (dos estádios). "Nós apenas acompanhamos o processo."

Ronaldo ainda se desculpou de uma antiga declaração quando disse que não se fazia Copa com hospitais, outra reivindicação do povo brasileiro. E cutucou seu ex-colega dos gramados, Romário, que, segundo ele, poderia apontar menos o dedo para os problemas e ajudar mais de alguma forma. "Mas não é só o Romário. Tem muita gente fazendo o mesmo." Sobre Brasil e Itália, Ronaldo deu seu palpite: 1 a 0 para o Brasil.
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