A primeira brasileira a participar dos Jogos Olímpicos do Rio depois do início oficial do período de competições sentiu na pele o maior temor de se competir em casa. O nervosismo de estar diante da torcida, de amigos e familiares pesou decisivamente para Rosane Budag no penúltimo lugar na prova de carabina de ar 10m do tiro esportivo, neste sábado pela manhã, seu pior resultado em competições internacionais na carreira.
A prova exige uma precisão cirúrgica nos tiros e, para acertar o centro do alvo, é necessário estar com os batimentos cardíacos controlados, combinando com a respiração. Nervosa pela estreia olímpica, Rosane não conseguiu controlar seu coração.
"Não deu certo. Não consegui fazer 100%. Não consegui baixar o batimento. A técnica não funcionou como deveria. Não consegui executar da melhor forma. Demorei muito tempo para entrar na prova", avaliou.
A espera para que os batimentos cardíacos baixassem fez ela se atrasar na competição. Se continuasse naquele ritmo, não conseguiria dar 40 tiros em 50 minutos. A brasileira começou a correr contra o tempo e, na pressa, jogou a prova fora. "Quando eu vi o tempo, nessa de me preocupar em relaxar, eu esqueci do negócio do tempo. Acelerei e mandei um 8 derradeiro", lembra. A nota máxima por tiro é 10,9.
Rosane não assistiu à cerimônia de abertura e diz que descansou bem. Não veio a Deodoro nervosa. Mas não conseguiu controlar a ansiedade quando a prova começou. "A pressão, por ser Olimpíada, ter público, meus amigos na arquibancada. Tudo isso pesou. Eu vim 'tranquilaça' para a prova. Achei que ia arrebentar", lamentou.
Ela ainda compete na quinta-feira de novo, na prova de carabina 3 posições. Promete que, na sua especialidade, estará mais calma. Para os mais de 400 brasileiros que ainda vão estrear, deixou um conselho: "Ó galera, relaxa, faça seu trabalho. Relaxem. Encarem como uma competiçãozinha, um treino em casa".