Rúgbi em cadeira de rodas quer conquistar público mineiro e desafia pouco incentivo

Vinícius Las Casas - Hoje em Dia
19/03/2013 às 12:47.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:01
 (Andre Brant)

(Andre Brant)

Esporte é superação. Vencer deficiências, traçar novos recordes, levar seu corpo a um limite inimaginável. É assim que os participantes do rúgbi em cadeira de rodas encaram o desafio de praticar a modalidade. Guerreiros nas quadras e na vida batalham não só contra o comprometimento motor, mas, também, contra a falta de incentivo do empresariado e buscam vencer no esporte.

Se para qualquer modalidade no país, que não seja o futebol, já é difícil conseguir qualquer espaço, imagina para um esporte paralímpico, ainda sem tradição de vitórias internacionais.

"Não há nenhum apoio em BH. Sobrevivemos com ajuda do programa Superar, que é quem oferece espaço para a prática e os profissionais que trabalham conosco", disse Marcel Souza, um dos participantes do Minas Titans, clube da modalidade na capital mineira.

"Quase tudo é por conta dos atletas. Só tem o (programa) bolsa-atleta que alguns conseguem. Estamos engatinhando em termos de incentivo. A Seleçao Brasileira e o Campeonato Brasileiro são financiados pelo comitê paralímpico", comentou.

Então, qualquer oportunidade de aparecer para o grande público é válida. Marcel e seus parceiros de clube disputarão uma partida no Intersports Brazil Hall, feira esportiva que acontece entre os dias 21 e 24 de março - todos eles com presença do rúgbi -, no Expominas.

"O rúgbi em cadeira de rodas é um esporte que quando as pessoas têm contato pela primeira vez ficam impressionadas, por causa da forma que jogamos e são todos atletas com algum comprometimento motor. É um esporte com pouco apoio, como a maioria dos paralimpicos. É importante poder gerar impacto em tanta gente para render frutos no futuro", destacou Souza, que pratica a modalidade há três anos e ressalta a importância que o rúgbi em cadeira de rodas teve e tem em sua vida.

"Me tornei outra pessoa. Fazia nove anos que tinha sofrido minha lesão e eu era sedentário, só estudava e trabalhava. Hoje, estou muito melhor fisicamente, mais independente. Foi uma mudança muito grande. Tenho condição de dirigir um carro, por exemplo, o que eu não conseguia fazer antes", afirmou.

O rúgbi em cadeira de rodas

Foto: Andre Brant/Hoje em Dia

Mas como é um esporte ainda desconhecido, o ideal é que se apresente o rúgbi em cadeira de rodas aos leitores. Composto de quatro atletas de cada lado, a intenção é atingir uma linha demarcada ao fundo da quadra do adversário, quando isso ocorre um ponto é conquistado e muda-se a posse de bola.

"É um esporte que surgiu na década de 70, para aqueles que não tinham acesso ao basquete em cadeira de rodas", conta Marcel.

Cada jogador de um time é classificado de acordo com o seu comprometimento motor. Os menos comprometidos recebem a avaliação 3.5 e são responsáveis por conduzir o time ao ataque; os mais comprometidos, avaliados em 0.5 e ficam na função de contenção defensiva e auxiliam nos bloqueios de ataque. Na quadra, o somatório dos atletas de uma equipe pode resultar em uma pontuação máxima - somando as "notas" dos quatros atletas - de oito.

O passe para a frente é permitido e dono da posse de bola não pode ficar inativo por dez segundos, sendo obrigado a quicá-la ou passá-la.

Semelhanças com o rúgbi em campo

O esporte que inspirou a criação do rúgbi em cadeiras de rodas tem uma grande semelhança com o seu "irmão" paralímpico: o contato físico mais intimidador, maneira mais comum de se roubar a bola do rival.

"Tem bastante contato, mas o jogador esta completamente protegido. Fisicamente, ele não sofre danos. Mas tudo que acontece em campo (em termos de contato) na cadeira de rodas também tem. Essa é a maior semelhança", destacou Marcel Souza, do Minas Titans.

Mas também existem as regras. O contato só é permitido entre as cadeiras. Quando existe o choque entre os praticantes, o jogador faltoso é punido e fica um minuto fora da quadra, desfalcando sua equipe. Além disso, quando um jogador sofre uma queda da cadeira de rodas, o jogo para apenas quando existe algum risco a integridade física do atleta. Caso contrário, segue a partida até a bola parar por gol ou saindo de campo.

Foto: Andre Brant/Hoje em Dia

Competições

Apenas um torneio oficial ocorre por ano no Brasil. Trata-se do Campeonato Brasileiro, organizado pela associação do esporte e com apoio do comitê paralímpico nacional, a competição acontece em maio e, neste ano, existe a possibilidade de se desenvolver em Belo Horizonte. Tendo um projeto já encaminhado pelo pessoal do BH Rugbi para a capital mineira sediar o torneio.

Além do Brasileirão, os times organizam campeonato menores entre eles, para manter o ritmo de competição. Neste tipo de formato, os gastos ficam por conta das próprias agremiações.

Os expoentes

Estados Unidos, Japão, Canadá, Grã-Bretanha e Austrália, este o atual campeão paralímpico, estão entre os países com destaque nesta modalidade. O Brasil é o atual 19º no ranking mundial e não participou da Paralimpíada de Londres, em 2012.

Intersports Brazil Hall

Rúgbi em cadeiras de rodas - quadra do Expominas

Quinta-feira - 21/03: 20h às 20h30
Sexta-feira - 22/03: 17h às 17h30
Sábado - 23/03: 17h às 17h30
Domingo - 24/04: 11h às 11h30 

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