Ruy 'Cabeção' usa pênalti sobre Marques, em 1999, para ensinamento: 'assim nasce o campeão da vida'

Henrique André
@ohenriqueandre
16/03/2021 às 12:39.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:25
 (Reprodução/TV Globo)

(Reprodução/TV Globo)

O pênalti cometido aos 34 minutos e 42 segundos do primeiro tempo da final do Campeonato Mineiro de 1999, sobre o atacante Marques, nunca saiu da memória do ex-lateral Ruy (Cabeção). Nesta terça-feira (17), inclusive, ele usou as redes sociais para lembrar daquele momento em que a promissora carreira poderia ter sido prejudicada por um lance que deu o título Estadual ao Atlético.

Prata da casa do Coelho, Ruy, hoje aos 42 anos, fez uma análise da penalidade marcada pelo árbitro Lincoln Afonso Bicalho, no clássico que contou com mais de 72 mil pessoas no Mineirão; a maioria atleticana. Contudo, o que o ex-jogador, que hoje se dedica à carreira de advogado, quis transmitir aos seguidores foi um recado importante: não abaixar a cabeça nas dificuldades e nem se entregar às críticas.

Vencedor no Coelho, Ruy também teve passagens importantes por outros clubes grandes do país, como Cruzeiro, Fluminense, Botafogo e Grêmio. 

"Sempre publicamos vitórias nas redes sociais, mas esse dia da foto foi terrível. Mais de 50 mil no Mineirão palco do futebol mineiro.

Final do Campeonato Mineiro 1999, e eu era o responsável por marcar o melhor atacante do futebol brasileiro, meu querido amigo Marques. Três jogos e duelos individuais nas partidas, simplesmente era um jogo a parte.

Eu abri mão de jogar, para ajudar minha equipe, anulei-o por quase 270 minutos, um dos atletas mais habilidosos que marquei na minha carreira.

Além de habilidoso e rápido, era inteligentíssimo. Saía atrás nos lances e estava sempre alguns segundos atrasado, pois é difícil estar na cabeça do adversário, o atacante sempre está em vantagem contra o defensor.

Primeiros meses como profissional, e logo chegando a primeira final, sonho de qualquer criança. Em um lance, em questão de 2 segundos, uma falta marcada em cima da linha de fundo, isso mesmo, na risca da linha, mais para fora do campo, pênalti marcado.

Pesou a camisa adversária, a maior parte da torcida nas arquibancadas e uma arbitragem insegura. Para aqueles com um pensamento perdedor, poderia ter sido o fim, pênalti em uma final, jovem, inexperiente, ruim de bola, violento, sem condições e tudo que você imaginar, foi dito por torcedores e a imprensa “imparcial” em geral.

Meses depois o que aconteceu? Vitórias e títulos na carreira de quase 20 anos, e 10 anos disputando a série A do brasileirão. A sua consciência é o seu maior trunfo, se dedicar no dia a dia de corpo e alma é que te faz um vencedor.

Pagar o preço, poucos estão dispostos a isso. Ainda mais nos dias de hoje, que o ter maiores salários no futebol, ter maiores seguidores em redes sociais, é mais importante que o SER!

O atleta que se destaca na base, não é sinônimo de sucesso no profissional. Nessa transição, profissional - base, apenas os fortes de coração e equilíbrio emocional vencem. Cabeça fria e coração quente, isso mesmo.

Dentro da arena, assistido e julgado por milhões, se matando para dar alegria aos familiares e torcedores, essa junção faz toda a diferença.

Nas derrotas, e nas primeiras vaias que nascem os vencedores, parece loucura, porém, assim nasce o CAMPEÃO da vida!"

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