(Bruno Cantini/Atlético)
Quando Leonardo Silva já era jogador do América-RJ prestes a se profissionalizar, Gleison Bremer nascia na pequena Itapitanga, cidade ao sul da Bahia. 20 anos depois, o jovem zagueiro teve a difícil missão de substituir o consagrado capitão no clássico contra o Cruzeiro e no primeiro jogo das oitavas da Libertadores. Dois testes de fogo, com saldo positivo para o defensor.
E a história de Bremer com a camisa do Atlético só começou graças a um atraso de decisão do São Paulo, que preferiu economizar cerca de R$ 280 mil ao invés de gastar essas cifras pra comprá-lo em definitivo do Desportivo Brasil. O zagueiro passou pelas categorias de base do Tricolor Paulista emprestado pelo time criado em 2005. O São Paulo queria renovar o empréstimo por mais um ano, poderia ter comprado 70% de Bremer por R$ 280 mil, ou até mesmo 100% por R$ 400 mil. Mas o Atlético já estava atento ao garoto.
Agenciado por Adriano Spadoto, empresário do meia-atacante Bernard (a maior venda da história do Atlético), Bremer entrou no radar alvinegro graças ao bom trânsito do agente na Cidade do Galo. Spadoto, inclusive, credencia ao agora superintendente de futebol André Figueiredo e a Frederico Cascardo, coordenador técnico das categorias de base do clube.
TROFÉU E PASSAPORTE
Ambos monitoraram Bremer na Copa Ipiranga (antiga Copa RS) sub-20 de 2016. Cascardo, inclusive, foi o técnico do Galinho na competição. O zagueiro levantou o troféu com o São Paulo e recebeu sinal verde para acertar com o Atlético. O destino, entretanto, quase deu um drible no Galo.
Isso porque Spadoto recebeu uma proposta tentadora do Internacional. O ex-gerente da base do São Paulo, Diego Cabrera, que conhecia o potencial de Bremer, havia retornaro a Porto Alegre para reassumir o mesmo cargo no Colorado.
Fez a proposta, até mais vantajosa que a do Galo, com dois anos de contrato. Mas não adiantou. A palavra foi mantida e em março deste ano Bremer chegava a Belo Horizonte, para somar mais um título na carreira. Titular absoluto da equipe que venceu pela primeira vez a Copa do Brasil sub-20 no mês passado. O suficiente para colocá-lo também no radar de Roger Machado.Reprodução/Instagram
Com a camisa do São Paulo e no sub-20 do Atlético, Bremer colecionou títulos nas categorias de base
LESÕES E OPORTUNIDADE
A estreia do jogador foi diante da Chapecoense. Equipe toda reserva, e Bremer esquentaria o banco. Mas a infelicidade de um companheiro ao se lesionar é uma brecha muitas vezes determinante. Rodrigão sentiu a coxa aos 5 minutos na Arena Condá. Bremer estreava oficialmente. Segurou o rojão ao lado de Matheus Mancini.
No clássico da última rodada do Brasileirão, nova lesão instantânea no Galo. Léo Silva desabou com a mão na coxa aos 4 minutos. Bremer começou a partida sofrendo gol da Raposa. Mas se recuperou e fechou a casinha ao lado de Gabriel.
Na Bolívia, não pôde evitar o belo gol de bicicleta de Alvárez no fim da partida. Mas retornou ao Brasil ainda em alta no clube, ciente que ainda terá novas oportunidades para se firmar. Afinal, o DM do Atlético coleciona zagueiros: Leonardo Silva, Felipe Santana, Rodrigão estão com lesão na coxa; Erazo sente o joelho e está em débito; Jesiel acabou de voltar do DM e Matheus Mancini terá de esperar a vez.
Nascido no interior da Bahia, surgido num momento decisivo para substituir uma referência do clube lesionada. Bremer começa a traçar capítulos vividos por Jemerson, o zagueiro de 11 milhões de euros, agora na Seleção. E tudo porque o São Paulo quis economizar R$ 300 mil.