O São Paulo não baixou a cabeça diante da ameaça expressa de diversos dos principais clubes do País de boicotarem a Copa São Paulo de Futebol Júnior do ano que vem caso a equipe tricolor dispute a competição. Em nota oficial, o clube do Morumbi defendeu a sua forma de contratar jogadores de rivais para suas categorias de base e criticou o que entende como ser a volta do "passe".
Recentemente, diversos clubes reclamaram que dirigentes tricolores aliciaram jogadores de suas categorias de base. Uma das denúncias expressas foi feita pela Ponte Preta, que reclama que o São Paulo aliciou o goleiro Lucão. O garoto ainda não tinha 16 anos e, portanto, não havia assinado contrato profissional, quando foi supostamente aliciado pelo São Paulo.
A prática vai de encontro a um "acordo de cavalheiros", firmado entre os clubes, quando Ney Franco era coordenador das categorias de base da seleção e René Simões comandava a base tricolor. Pelo combinado, os clubes se comprometiam a não tirar dos demais signatários jogadores com contrato de formação. O temor era com relação a casos como de Oscar. O meia, às vésperas de completar 16 anos, precisou ser "escondido" pelo São Paulo para que não assinasse com outros times.
Na nota, o São Paulo critica o acordo do qual foi signatário. "O São Paulo não aceita, e jamais aceitará, participar de qualquer 'associação de clubes' que venha a ser formada com a finalidade de respaldar o descumprimento contratual e obrigar jovens atletas, e seus familiares, a permanecerem presos a determinadas instituições sem que existam contratos assinados ou, quando existam, que sejam cumpridos da forma pactuada."
Em texto duro, o clube do Morumbi acusa os coirmãos de formação de cartel. "Essa prática, que se assemelha à repudiada ideia de 'cartelização', pretende reintroduzir, agora nas categorias de base, o malfadado instituto do "passe", que felizmente foi abolido de nossa legislação. O Estatuto Social do São Paulo não permite ao clube tomar parte em qualquer tipo de associação cujo objeto não seja lícito ou moralmente aceitável."
A nota afirma que o clube age em absoluto respeito às disposições legais e que cumpre "regiamente" as obrigações com os seus atletas sob contrato "para que os atletas da base possam contar com o que há de melhor em estrutura física e humana para auxiliar na sua formação, seja como atleta de futebol e, principalmente, como cidadão".
Nas entrelinhas, senão diretamente, o São Paulo afirma que, se assina com jogadores vindo das categorias de base de rivais, o faz porque estes não cumprem o acordado com atletas e familiares
"Se há jovens atletas cujas famílias procuram o São Paulo interessadas em que seus filhos se transfiram para esta instituição, deve-se verificar se os clubes de onde se originam tais atletas cuidam da regularidade dos contratos firmados com os mesmos, se cumprem as condições pactuadas, não só no que diz respeito ao fornecimento da ajuda de custo, mas também da assistência médica, odontológica, psicológica e educacional, além de adequada estrutura de alojamentos e alimentação e tudo mais que a legislação exige e que um atleta necessita para sua formação", critica o São Paulo.
Sobre a possibilidade de ficar de fora da Copa São Paulo, o clube responde: "O São Paulo não se submeterá a ameaças e supostos boicotes, muitas vezes motivados por interesses subalternos e frustrações de 'negócios que envolvam não necessariamente os grandes clubes brasileiros, mas, muitas das vezes, alguns dos seus representantes no bojo de eventuais ligações promíscuas com empresários de futebol, que visam não necessariamente o benefício de sua instituição, mas a aferição de lucros indevidos."