O tradicional “uai” já faz parte do vocabulário dos três alvinegros. No entanto, a carteira de identidade não os deixa mentir. Entre os representantes do Atlético, no amistoso da Seleção Brasileira, contra o Chile, quarta-feira, às 22h, no Mineirão, apenas Marcos Rocha nasceu em Minas Gerais (Sete Lagoas).
Só que, quando o paulista Réver e o gaúcho Ronaldinho, vestirem a amarelinha, também carregarão a responsabilidade de honrar o futebol mineiro. O trio dará continuidade a um restrito grupo de “estrelas” de Galo, Cruzeiro e América, que eternizou histórias e feitos pelo Brasil, no gramado do Gigante da Pampulha.
Os atleticanos ganharão a companhia do zagueiro Dedé, recém-contratado pela Raposa. Mas nenhum deles deve saber que dois dias após a inauguração do estádio – em 5 de setembro de 1965 –, a Seleção, bicampeã mundial, estreou no local.
Curiosamente, nenhum jogador de time do Estado entrou em campo. O Palmeiras usou a camisa canarinho e derrotou o Uruguai, por 3 a 0, diante de mais de 40 mil pagantes. Para completar, o comandante do Verdão era o argentino Filpo Nuñez. O hermano se tornou o único estrangeiro a orientar a Seleção, em toda a sua trajetória.
Assim, coube ao cruzeirense Tostão, oito meses depois, tornar-se o primeiro “mineiro” a defender o país no Mineirão.
Em 1966, o atacante celeste participou da vitória em cima de País de Gales (1 a 0). Ele também abriu o caminho para os goleadores anfitriões, ao balançar, duas vezes, a rede da Polônia, naquela mesma temporada.
Pena que apenas 21 mil torcedores tenham acompanhado o momento de glória de Tostão. Havia rumores de que o atleta seria cortado do grupo que disputaria a Copa da Inglaterra e muitos resolveram boicotar a visita do combinado nacional.
Uma inacreditável faixa na arquibancada continha a frase: “Tostão, os atleticanos também querem ver você em Londres”.
Rivalidade
Em quatro oportunidades – amistoso frente à Argentina (1968) e Copa América (1975) – a seleção mineira representou o Brasil, na Pampulha. O então goleiro do Cruzeiro, Raul Plassmann, participou de todos os duelos. O ex-jogador disse que, para ele, era “sempre motivador” servir o país, em Belo Horizonte.
No entanto, ele lembra que existe a rivalidade nas cadeiras do Mineirão.
“O atleta precisa controlar o temperamento. Um atleticano, se estiver mal em campo, pode receber vaias dos torcedores cruzeirenses, e vice-versa. O que não deveria acontecer”, opina Plassmann.