(Montagem sobre fotos do Cruzeiro)
Montagem sobre fotos do Cruzeiro
O exercício do direito mostra que a análise de leis gera em muitas vezes interpretações dúbias e nem mesmo o Estatuto do Cruzeiro escapa dessa premissa. Tanto que o artigo que trata da venda imóveis no documento regimental do clube causa divergência entre alas políticas no Conselho Deliberativo azul.
A atual diretoria do Cruzeiro pretende vender um imóvel na região da Pampulha onde funcionava a Campestre 2, um braço de sua sede Campestre. A discussão para aprovação dessa venda acontecerá em reunião extraordinária marcada para 3 de agosto, no Conselho Deliberativo do clube.
E o Estatuto estrelado prevê no artigo 20, inciso VI, que para "autorizar a alienação de bem imóvel do Cruzeiro Esporte Clube, excluídas as unidades que compõem o Parque Esportivo do Barro Preto, o Centro Administrativo, as Sedes Campestres, a Toca da Raposa I e a II, imóveis somente alienáveis em situação altamente vantajosa para o Cruzeiro Esporte Clube, mediante proposta aprovada por 9/10 (nove décimos) dos Conselheiros", aponta.
O atual presidente da Raposa e um grupo de correligionários entendem que esses nove décimos se aplicam no número de conselheiros que comparecer ao encontro da primeira semana de agosto. Já dois ex-presidentes entendem de outra forma. Eles analisam que 90% de todo o conselho precisam aprovar essa venda.
"A questão do quórum, vejo reportagem, é 9/10 de presentes, do Conselho. 9/10 dos conselheiros presentes à reunião, ela vai se instaurar com qualquer quórum que estiver presente. Nesse quórum, os 9/10 dos que estarão ali se aprovarem, obviamente poderemos fazer essa alienação depois", opinou Sérgio Santos Rodrigues durante a "Live do Presidente" desta quinta, no Youtube do Cruzeiro.
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José Dalai Rocha, um dos ex-presidentes que interpretou diferentemente de Sérgio Santos Rodrigues, disse ao Hoje em Dia que se fosse fácil assim vender um imóvel, a última gestão que esteve à frente do Cruzeiro deixaria o clube "só com meia bicicleta".
Outro que interpretou como Dalai foi o também ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, que dirigiu o clube entre 2012 e 2017.
"Respeito quem tem interpretação contrária, a lei, eu sou advogado, a lei vai ter interpretação dúbia, a nossa é essa, da presidência, da diretoria executiva, do nosso jurídico, da presidência do Conselho Deliberativo do clube, o Paulo Pedrosa deu uma declaração nesse sentido hoje (quinta-feira). A gente ouviu vários magistrados da ativa, aposentados que estão no Conselho do Cruzeiro, e todos entendem como nós, então são 9/10 dos conselheiros presentes", explicou Sérgio Rodrigues.
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Apesar de discordarem da interpretação do artigo do Estatuto, Dalai e Gilvan não divergem de Rodrigues sobre a venda da Campestre 2. Todos, nesse caso, convergem em pensamento e sabem que conseguir recursos com a comercialização do imóvel é importante para o clube, imerso em dívidas. São mais de 60 milhões só com compromissos urgentes, segundo Edson Potsch, superintendente de marketing do Cruzeiro.
Por isso, Sérgio Santos Rodrigues pede o apoio dos conselheiros para aprovarem em número estatutário a venda da Campestre 2. E que os que forem contrários a essa solução para levantar recursos e pagar dívidas na Fifa, que não "atrapalhem o clube".
"Já mandei mensagem aos conselheiros, repito aqui, sei que muitos assistem e vira notícia o que falamos na live, estamos abertos a sugestão. Se tem algum conselheiro que entende que a gente não deve fazer isso, venha aqui por favor, vamos debater, nos dê outras opções, nos ajude a encontrar alternativas para que a gente resolva os problemas do Cruzeiro. Até por que falo que esse é o papel do conselheiro, dar conselhos. A gente conta com a participação efetiva do Conselho para isso, e não tenha dúvida, repito muito essa palavra pois é a marca dessa gestão, tudo vai ser feito com muita transparência. Peço novamente o apoio de vocês para que a gente consiga o quórum de aprovação. E os outros, que não entendem como a gente, se não puderem ajudar, que não atrapalhem. Não vamos atrapalhar o Cruzeiro neste momento", pediu.