O presidente do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (SAPESP), Rinaldo Martorelli, confirmou oficialmente nesta sexta-feira, em entrevista coletiva, que não haverá greve de jogadores na rodada deste final de semana do Campeonato Paulista. Entretanto, ele avisou que se acontecer um novo episódio de violência como o ocorrido no último sábado, quando o CT do Corinthians foi invadido por torcedores, a greve voltará a ser cogitada e poderá, de fato, ocorrer no torneio estadual.
A chance de greve neste final de semana foi descartada já na última quinta-feira, depois de o sindicato e o Bom Senso FC não terem conseguido a adesão dos jogadores dos 20 clubes que disputam a competição antes desta sétima rodada do Paulistão, que será aberta já nesta sexta com o duelo entre Oeste e Ituano.
Porém, conforme destacou Martorelli, o sindicato e o Bom Senso FC agora estarão mais bem articulados para uma possível greve, cuja realização terá maiores possibilidades de acontecer caso ocorram fatos que motivem novamente uma reação por parte do movimento que defende os direitos dos atletas. "Havia a intenção de paralisação. Chegamos a conseguir alguns avanços, mas, por enquanto, a greve não está totalmente descartada, pode ser retomada mais para frente", avisou Martorelli.
Entre os avanços citados em questão está o de que a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo conseguiu dar as garantias de que as investigações sobre a invasão do CT do Corinthians serão aceleradas e de que a PM terá uma ação rápida se acontecerem novos casos de violência. Para completar, o Ministério Público de São Paulo vai propor assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para sete clubes do futebol paulista - Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Portuguesa, Guarani e Ponte Preta -, para que eles se comprometam a não financiar mais as torcidas organizadas.
Martorelli também comentou nesta sexta-feira sobre a falta de apoio dos jogadores de clubes pequenos à greve. Ele lembrou que normalmente os atletas de times menores não costumam sofrer com problemas relacionados à violência de torcedores, mas advertiu que estes mesmos jogadores deveriam estar empenhados nesta causa porque, no futuro, podem vir a defender um clube grande. "Se o elo da corrente é quebrado, atinge todo mundo. Se matarem o meu vizinho, não posso achar que não vai acontecer nada comigo e que o ladrão não pode pular o muro", disse o presidente do SAPESP, fazendo uma analogia com uma hipotética situação do cotidiano das pessoas.
Apesar da greve ter sido suspensa, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também manifestou apoio aos jogadores ao repudiar a invasão de torcedores ao CT do Corinthians. A associação prometeu estar ao lado dos clubes na defesa de seus direitos no combate à violência, dando assim mais força à corrente liderada pelo Bom Senso FC e respaldada pelo sindicato na defesa dos direitos dos atletas.
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