A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira a segunda fase da Operação Hashtag e prendeu mais dois suspeitos de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico. As prisões foram autorizadas pela Justiça Federal do Paraná e são continuação da ação realizada em julho, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Além das duas detenções, a PF realizou busca e apreensão em cinco endereços e outras três pessoas foram levadas a depor de forma coercitiva. Todos os alvos, segundo nota divulgada pela PF, são brasileiros, mas os locais das buscas e as pessoas alvos das conduções coercitivas não foram divulgados.
Após serem ouvidos na Superintendência da Polícia Federal, os dois presos devem ser encaminhados para o presídio federal de segurança máxima em Campo Grande (MS), onde já estão os 12 detidos na primeira fase da Hashtag. Ao contrário do que ocorreu na primeira fase da operação, os órgãos envolvidos na investigação e o Ministério da Justiça decidiram não divulgar a ação desta quinta para evitar que ruídos na comunicação pudessem levar algum tipo de pânico aos turistas e brasileiros que acompanham os Jogos Olímpicos.
Na primeira fase da operação foram cumpridos mandados em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Amazonas. Os detidos participavam de um grupo virtual chamado Defensores da Sharia. Uma organização não governamental (ONG) que atua na área humanitária e educacional também está sendo investigada, mas seu nome não foi revelado.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, informou que as interceptações de trocas de mensagens mostraram que os suspeitos deixaram de fazer apenas apologia às ações do Estado Islâmico e passaram a realizar atividades preparatórias específicas para atos terroristas nos Jogos.
"As trocas de mensagens mostram, lamentavelmente, a degradação dessas pessoas comemorando atentados em Orlando (EUA) e Nice (França), lugares dos últimos atentados terroristas. De alguns dias para cá, partiram não só de atos preparatórios como para o agravamento do discurso (terrorista). Eles reafirmaram que o Brasil não fazia parte da coalizão do EI, mas consideraram que, com a proximidade da Olimpíada, o País poderia fazer parte de alvo", explicou Moraes.
No primeiro dia, dos 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça do Paraná, dois não foram cumpridos. Dias depois, outros dois supostos terroristas foram presos e encaminhados ao presídio federal de Campo Grande (MS).
Além do objetivo de evitar pânico nos turistas e brasileiros que acompanham os Jogos Olímpicos, a reportagem apurou que autoridades envolvidas na segunda fase decidiram não divulgar a ação para evitar ruídos de comunicação como os que aconteceram em julho. À época, o ministro Alexandre de Moraes chegou a ser contestado pelo juiz do caso, Marcos Josegrei da Silva.