Para o torcedor, o teste de quarta-feira foi reprovado. A expectativa era a de que o Mineirão, depois de quase três meses de inaugurado, passasse, enfim, a ter cada torcedor sentando no lugar que comprou. Essa era a ideia do Comitê Organizador Local (COL), que usou o Brasil e Chile como teste para a Copa das Confederações. No entanto, o que se viu foi um desrespeito completo e absoluto, por culpa da empresa contratada pela CBF, organizadora do jogo, para confeccionar os ingressos.
Nas escadas do Mineirão, muita gente de pé, impedindo quem estava sentado de ver a bola rolar. E ninguém estava errado. Havia ingressos sem a definição do bloco, o que impossibilita o torcedor de saber que local deve ocupar, além de bilhetes duplicados, o que, na prática, é colocar duas pessoas ocupando a mesma cadeira.
A situação atingiu até os visitantes. O comerciante chileno Roger Provoste, 47 anos, que vive no Brasil há 20, ficou impressionado com a desorganização dos gestores do estádio e a falta de respeito dos torcedores.
“No Chile, você compra o seu ingresso e senta em seu lugar. Não há problemas. Aqui, compramos para um assento, mas outras pessoas a ocuparam, e estamos tendo de mudar de setor”, reclamou. Após 20 minutos do início do jogo, ele ainda não havia conseguido um lugar para sentar.
Perdido
Se o torcedor chileno encontrou seu lugar ocupado, o atleticano Guilherme Lipovetski, 33 anos, não tinha como achar sua cadeira, pois na marcação do bloco havia apenas o número 3 e três pontinhos. “Comprei o ingresso pela internet, há uma semana, e me disseram, quando fiz a retirada, que era normal os três pontinhos, que não teria problema para sentar. Chego aqui e ninguém sabe meu lugar”, reclamou.
Todas as pessoas com dificuldades recorreram aos voluntários, seguranças e até policiais. Num evento Fifa, essa turma precisa resolver os problemas. Quarta, todos se recusaram.
Os voluntários, na verdade, abandonaram o barco. No setor laranja, pouco antes de Réver empatar a partida, um passou, quase em pânico, avisando que o coordenador tinha mandado todos se retirarem das cadeiras por segurança. “As pessoas estão partindo para cima da gente e estão temendo agressões”, justificava o rapaz. Para o torcedor, o teste mais uma vez foi de paciência.
Filas gigantes nos bares do estádio (Foto: Bruno Moreno/Hoje em Dia)
Promessa de solução para as falhas em até 2 meses
Apesar dos problemas enfrentados ontem pelos torcedores no Mineirão, o CEO do Comitê Organizador Local (COL) das Copas das Confederações 2013 e do Mundo 2014, Ricardo Trade, acredita que em menos de dois meses a operação do estádio estará perfeita.
Questionado sobre as dificuldades enfrentadas, Trade disse que tudo será estudado.
“Há várias coisas que temos de analisar. Se funcionou bem o catering (alimentação de atletas e árbitros), a limpeza, que é uma tecla que temos batido muito. É um padrão que queremos em todos os estádios. Tudo isso vamos avaliar para ver como foi, para podermos implementar”, garantiu.
Trade disse ainda que foi “bom” ter ocorrido a manifestação dos professores na avenida Antônio Carlos, que atrasou a chegada de torcedores, para que seja possível pensar em alternativas param os próximos jogos dos torneios internacionais.