(Mauro Horita/Agif/Corinthians)
Quando ouve de alguém que o excesso de jogos na temporada tem prejudicado fisicamente o Corinthians, o técnico Tite chega a fechar os olhos de satisfação. Balança a cabeça durante a pergunta e ergue o braço esquerdo, para indicar que concorda com a teoria. Para ele, os desfalques acentuados em função de desgaste muscular motivaram a ineficácia ofensiva de sua equipe no Campeonato Brasileiro.
"A coisa vai melhorar na hora em que os nossos jogadores do meio para a frente retornarem: Pato, Guerrero, Renato Augusto... É inevitável que o nosso processo de criação fique comprometido sem eles. Estamos sofrendo em função disso", justificou o técnico do time que tem o segundo pior ataque da competição (só 22 gols em 28 jogos). Já foram oito empates por 0 a 0, sendo três consecutivos.
Embora não tenha sido a primeira vez em que usou os desfalques para explicar a esterilidade do ataque corintiano, Tite garantiu que o faz a contragosto. "Palavra de honra que não gosto de ficar citando isso. Mas, se a pergunta vem, tenho que responder. O ruim é que parece justificativa. É claro que compete ao treinador dar um jeito nos problemas, mas vamos convir que, se tenho peças desse nível à disposição, a história é outra", declarou.Contra o São Paulo, Alexandre Pato não esteve em campo porque defende a Seleção Brasileira na Ásia, enquanto Guerrero e Renato Augusto se recuperam de lesões. O peruano sofreu uma fratura parcial no pé esquerdo e alimenta esperança de enfrentar o Grêmio, na noite de quarta-feira, no sacrifício. O meia poderá voltar a campo contra o mesmo adversário, mas no dia 23, pelo jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil.
Enquanto aguarda os reforços, Tite apressa os departamentos médico e físico do Corinthians. Ele prefere utilizar jogadores experientes que ainda não estejam em perfeitas condições (como o lateral esquerdo Fábio Santos, que voltou a campo no 0 a 0 contra o São Paulo) a novatos.
"Agradeço aos nossos médicos e preparadores pela volta do Fábio. Porque lançar garoto no meio de um Campeonato Brasileiro, do jeito que está, é muito pesado. Daqui a pouco, ao invés de o técnico dar condições de eles aparecerem, acaba queimando os atletas", justificou Tite, sem se importar com quem questiona as suas escolhas. "Já passei da idade de querer modificar a ideia das pessoas. Também recebi elogios nesses três anos, então tenho que saber lidar com o outro lado."
"O outro lado" não gostou, por exemplo, de Tite ter deixado o meia Douglas na reserva no clássico contra o São Paulo. No segundo tempo, o Corinthians chegou a ter três laterais destros em campo: Alessandro, Edenílson e Diego Macedo. Segundo o treinador, não era uma postura de quem buscava o 0 a 0, como ocorreu em um momento turbulento de 2011, também no Morumbi.
"São situações bem diferentes. Aquela era outra época, que exigia uma postura mais conservadora da nossa parte. Agora, não. Buscamos as vitórias porque estamos disputando um campeonato que premia vitórias", conscientizou-se Tite, o técnico que mais empatou (13 vezes) no Campeonato Brasileiro.