Tragédia de Sarriá: há 30 anos, o futebol ficou mais feio

Alberto Ribeiro e Pedro Artur - Hoje em Dia
05/07/2012 às 10:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:20
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

O dia 5 de julho de 1982 ficou marcado na história como um dos dias mais tristes do futebol brasileiro. Naquela tarde, a badalada seleção de Telê Santana, recheada de craques como Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, e considerada favorita ao título, acabou eliminada precocemente pela “zebra” Itália nas quartas de final da Copa do Mundo disputada na Espanha. E a fatídica “Tragédia do Sarriá”, que completa hoje 30 anos, continua viva na memória do torcedor verde-amarelo, especialmente de alguns mineiros, protagonistas do desastre que só encontra comparação no “Maracanazo”, como ficou conhecida a derrota para o Uruguai (2 a 1) na final da Copa do Mundo de 1950, diante de um Maracanã lotado.

Na “Tragédia do Sarriá”, a derrota, por 3 a 2, com três gols do carrasco Paolo Rossi, é ainda tão inacreditável para alguns participantes daquele duelo que, mesmo após três décadas, eles não encontram explicações. “No futebol tudo pode acontecer. Chegamos a esta conclusão. Durante todo este tempo, procuro uma justificativa para aquela partida, mas na verdade nunca achei uma explicação”, destaca o mineiro Cerezo, um dos “maestros” daquele esquadrão.

FALTOU HUMILDADE

Também em busca de explicações, o ex-zagueiro Luizinho não esconde que faltou humildade à Seleção Brasileira. “Tanto do treinador, de toda a comissão técnica, quanto de nós, atletas. Conseguimos empatar o jogo em duas oportunidades, resultado que nos garantiria na outra fase do Mundial. Só que não mantivemos a humildade de atuar pela igualdade. Todo mundo queria ganhar e não percebemos que aquele não era o nosso dia”, lamenta.

Até hoje Luizinho, atual secretário de municipal de Esportes de Nova Lima, recorda, com tristeza, o que aconteceu logo após o árbitro Abraham Klein, de Israel, ter encerrado a partida. “Nos vestiários foi uma choradeira para todos os cantos. Foi uma tragédia para todos nós, brasileiros, e também para o mundo inteiro pelo futebol que estávamos apresentando. A gente sabe que isso não volta mais, que já acabou, mas fica essa lembrança horrível”, aponta o zagueiro, que formou uma dupla quase perfeita com Oscar.

Para Éder Aleixo, o momento era o da Itália. “Enfrentamos uma Itália em crise, que não falava com a imprensa, mas eles estavam muito dispostos, marcando muito. E as chances que apareceram concluíram bem em gol. É importante ressaltar que a Itália foi merecedora. Não é à toa que se sagraram campeões em seguida. Não que o Brasil tenha jogado mal. Foi um jogo igual. Mas era o dia deles. E o futebol é assim: nem sempre o melhor vence”, resume o ex-ponta.

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