Tudo o que dirigentes de Cruzeiro e Banco Renner disseram sobre o patrocínio máster

Guilherme Piu
06/03/2019 às 17:38.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:51
 (Alisson Guimarães/Cruzeiro)

(Alisson Guimarães/Cruzeiro)

Uma entrevista que durou quase 30 minutos, tendo quatro personagens principais: o presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, o diretor-presidente do Banco Renner, João Urbaneja, além dos diretores Renê Salviano, que cuida da área comercial e de novos negócios da Raposa, e Thiago Urbaneja, diretor de marketing da instituição financeira.

Sem falar abertamente sobre valores de patrocínio, tanto os representantes do Cruzeiro quanto do Banco Renner responderam perguntas sobre outros temas, como importância do acordo, responsabilidade das partes, engajamento com os torcedores, diferenças em relação ao patrocínio máster e parceria pelo Digi+ Cruzeiro.

O Hoje em Dia apresenta em texto todo o conteúdo da coletiva de imprensa que aconteceu no hotel onde o Cruzeiro está hospedado em Buenos Aires, já que o clube enfrenta o Huracán-ARG, nesta quinta-feira, em seu jogo de estreia na Copa Libertadores da América.

Wagner Pires de Sá – presidente do Cruzeiro

“Com grande prazer e vou dizer a vocês com muita alegria, que hoje nós estamos lançando muito mais do que um patrocínio em nosso manto sagrado, estamos lançando um novo sistema, uma parceria. Por isso eu quero falar com os nossos 10 milhões de torcedores que compõem essa nossa grande nação azul. A partir de agora o banco Digi+, juntamente com o Cruzeiro, será o Banco do Cruzeiro, vamos ter todos os benefícios dos lucros que essa parceria trará para a nossa grande família, nossa instituição. Por isso eu convoco os 10 milhões de torcedores, venham para nós. Junto com a gente vocês vão beneficiar enormemente o Cruzeiro. Como eu disse, não é um patrocínio apenas, é uma parceria. E o Cruzeiro terá 50% de todas as vantagens, dos lucros que esse esforço conjunto entre o banco Renner e o Cruzeiro Esporte Clube”

Com o aporte do Digi+ Cruzeiro, a tendência é investir a receita para tornar o Cruzeiro ainda mais forte? Em termos de elenco, reforços e jogadores?

"Naturalmente, o esforço que vamos empreender juntos é exatamente para dar substância para que o clube tenha dentro do seu orçamento, suas necessidades, receitas extra o futebol que possam manter a sustentabilidade do Cruzeiro. Por isso é que essa parceria é importante. Por isso é que o torcedor cruzeirense tem que vir junto com a gente. Vocês vão crescer conosco. Esse é o nosso objetivo. Por isso, venham com a gente"


João Urbaneja – diretor presidente do Banco Renner

Fala sobre a modernidade do acordo pelo Digi+ Cruzeiro

"Esse modelo de negócio é diferente daquele modelo convencional, modelo de patrocínio comum e normal, que até então sempre vigorou no futebol brasileiro, patrocínio máster na camisa, visibilidade na placa de futebol. Essa parceria, esse projeto, esse negócio vai muito mais além. Nessa parceria o que buscamos, buscamos sim que o banco possa se propagar no território nacional, mas também proporcionar ao nosso parceiro, o Cruzeiro, que foi escolhido justamente pelo seu perfil vencedor, e campeão como foi, último campeão da Copa do Brasil, alguns anos atrás bicampeão brasileiro, nós nos unirmos a uma marca vencedora, um clube vencedor. Se nós queremos ser vencedores, temos que andar com os vencedores, por isso nós, juntos com o Cruzeiro, desenvolvemos essa parceria, esse negócio, que se trata de nós, banco, sistema financeiro, proporcionar ao Cruzeiro uma plataforma digital onde os produtos e serviços que o banco dispõe, como qualquer outro banco múltiplo, para que o Cruzeiro junto com seus associados, torcedores, simpatizantes, ele possa, com sua marca, que já é grande, já é poderosa, já é vencedora, ele próprio produzir não só o patrocínio tradicional e comum, corrente que já existe no modelo do futebol brasileiro, mas também através desses produtos, desses serviços, onde o associado que tem contas em outros bancos e acabam gerando resultados para outros, que possa ser gerado para o próprio clube. Ou seja, vamos potencializar com isso as receitas do Cruzeiro, advindas juntamente dos produtos e serviços para a família cruzeirense. Se o Cruzeiro já é um vencedor, se tornará mais do que um vencedor, mas o que é mais importante, terá uma gestão profissional onde trará para o clube o resultado, para que ele possa, ele próprio, andar com as próprias pernas, cumprir os compromissos e crescer ainda mais. Essa parceria, patrocínio, vai muito mais além do tradicional. Saímos da caixinha e a gente está procurando inovar, e unir duas marcas para que ambas possam se tornar maiores ainda"

Vocês fizeram estimativa de quantas contas digitais serão necessárias para que a parceria seja duradoura?

Claro que foi feito um estudo, um levantamento para saber aonde nós podemos chegar. A gente costuma falar, não tem limite. Se o torcedor, o simpatizante, o apaixonado pelo Cruzeiro, aquele que quer o bem do seu clube. Querer o bem todo mundo quer, mas é importante que cada um dê sua parcela de contribuição, ou seja, que se una. Em vez de fazer um trabalho a quatro mãos que seja de seis mãos, banco, Cruzeiro e a torcida. Tenho certeza que poderemos chegar muito longe, e esse torcedor terá o prazer, a satisfação de dizer ‘a gente participou, nós contribuímos, o Cruzeiro chegou a esse ponto porque nós estivemos juntos. É um modelo inovador, diferente, e vai ser importante para que a torcida também entenda. Falar que o banco vai cobrar isso, querer tirar proveito disso. Se essa fosse a intenção faríamos como outros modelos que existem ao mercado, colocaríamos nossa marca na camisa e teríamos milhões de contas. Mas daí qual é o benefício para o clube? O patrocínio que está fadado ao fracasso? De quanto? Vai morrer naquilo. Não é essa a intenção, a intenção é que andemos juntos, trabalhemos juntos e que todos ganhem. Que o banco ganhe, porque banco tem que ganhar, já viu banco que não ganha? Não tem jeito! O clube tem que participar, porque a marca é dele, a torcida é dele, o clube tem que ter o seu valor, tem que ter o seu faturamento, rendimento, seus benefícios. E a torcida também, de que forma? Com todos os produtos que serão oferecidos, e outros que estarão fazendo parte de todo marketing, e ações que serão feitas em prol do torcedor. O torcedor tem que se sentir valorizado, e tem que ter também consideração, e o trabalho, que seja o mais transparente possível, que no final de cada exercício ele saiba o que está sendo direcionado para o seu clube, o que o seu clube está fazendo, que conta ele está pagando, que jogador vai jogar.

Explicação do presidente do Banco Renner sobre a parceria

Objetivo de tudo não é abrir uma conta. Se fosse abrir conta, você fazia o patrocínio, colocaria sua marca na camisa e pronto. O que nós estamos falando aqui é de algo muito mais além de tudo isso, por isso que em vez de patrocínio falamos em parceria. É uma participação de todos, onde podemos através de produtos financeiros, e da marca Cruzeiro, potencializar, se trazer negócios dentro da instituição, de ambas as instituições. O objetivo não é abrir conta. O intuito é ter a participação, é o torcedor estar engajado no projeto, o clube, o banco, todos, para que se possa gerar resultado. Gerar lucro? Sim, lógico que se visa lucro, mas o que queremos mostrar é que uma gestão diferente, inovadora, com práticas modernas, nós podemos sair do tradicional, porque se os clubes se continuarem no tradicional estão fadados ao fracasso, a problemas econômicos como se vê por aí. Hoje com a retirada dos grandes investidores públicos, o que está acontecendo com os clubes de futebol? Quantos estão com problemas financeiros e não pagam nem seus jogadores.

A gente tem que procurar novidades, soluções novas, outro tipo de engajamento, outro tipo de participação. Quando você vê que usa aquilo, emprega algo naquilo que você está fazendo e você vê resultado, isso te motiva. Veja os países de primeiro mundo, eles pagam caro, mas têm o serviço. Então dá prazer pagar algo que te dê o retorno, e é isso que queremos dessa parceria com o Cruzeiro.Reprodução Aplicativo do 'Digi+ Cruzeiro' já está disponível nas lojas para os sistemas iOs e Android

Existem outras instituições financeiras que trabalham em parcerias com clubes (Banco Inter e BMG). Vocês se inspiraram nesses negócios para criarem o Digi+ Cruzeiro?

Você citou duas instituições, uma delas, inclusive, o modelo é muito diferente do nosso, o clube não recebe nada daquilo que se produz ali, o banco sim tem se beneficiado, mas o clube não. O clube não se beneficia além da visibilidade da marca, mas não em tudo aquilo que ele proporciona, o seu torcedor proporciona para o banco. O outro houve até ansiedade para apresentar determinado projeto, vieram como primeiro, como se tiveram se partido então, mas na verdade na prática ainda não está funcionando. O nosso já vem sendo trabalhado há alguns meses, não nos apressamos em ser o primeiro, porque o que a gente quer fazer é bem feito. Chegou o momento oportuno, já temos a plataforma alinhados ao Cruzeiro, e estamos lançando esse produto.

Há uma projeção do que se imagina para o faturamento, quantas contas?

“O presidente falou em 10 milhões de torcedores. Se nós no primeiro ano sairmos com 10% disso está bom, né, presidente, pelo menos um milhão de contas no primeiro ano já seria aceitável. Muito embora, limitar, o Cruzeiro é muito grande para colocar uma limitação. Já que vocês querem números, vamos partir dos 10%”

 Thiago Urbaneja - Diretor comercial e marketing do Banco Renner

Como vai funcionar todo o processo do Digi+Cruzeiro? É possível falar em valores?

O que nós pretendemos dar é uma experiência para o torcedor, algo diferenciado, onde ele realmente veja o benefício de contribuir na grandeza do clube, para fazê-lo ainda maior, mas que enxergue benefícios para o dia a dia dele, para a vida dele, através da inovação, da conta e da tecnologia. Já disponibilizamos nas lojas o aplicativo personalizado, onde o torcedor poderá encontrar Digi+ Cruzeiro. Ele baixando o aplicativo, abrindo sua conta, tudo que for feito, todo o produto feito, todo o produto comercializado através desse aplicativo, fará parte dessa parceria.


Renê Salviano - Diretor Comercial e de Novos Negócios do Cruzeiro

Trabalho do Cruzeiro em busca de novos negócios

Esse trabalho de gestão que está acontecendo lá dentro (Cruzeiro), de todas as áreas se unirem em prol de um objetivo. Não é segredo para ninguém do trabalho de reengenharia financeira pensando no Cruzeiro muito melhor no futuro. Títulos, o torcedor está feliz, a gente tem ganhado títulos, mas há uma preocupação dentro da diretoria do Cruzeiro de como serão os próximos anos do clube. Dentro desse trabalho, o patrocínio não é buscado somente por mim. Uma ação de marketing não é só pela pessoa de marketing, uma atuação na categoria de base não é só por ele, está acontecendo um trabalho decentralizado no Cruzeiro muito interessante.

Tenho muita felicidade de anunciar esse patrocínio, porque foi um trabalho que a gente fez arduamente, visitamos instituições bancárias no Brasil inteiro, em Goiânia, São Paulo, no Sul, em Belo Horizonte. E eu não gostaria de ter outra instituição bancária como exemplo, óbvio que a gente estudou cada uma delas, para entender como cada um trabalhava. Para desenhar um plano de negócios a gente tem que entender o cenário realista, pessimista e otimista. Quando você pega uma instituição quando eles abraçam a torcida, eu torço para o Cruzeiro, e eu me senti abraçado, a diferença estava ali. Uma instituição que é sólida, imagina você negociar com outras instituições que você não pode trocar a cor da marca dela, que você não altera em nada o projeto deles. Esse projeto é do Cruzeiro, ele foi desenhado para o Cruzeiro, eles nos ouviram. O que está acontecendo com o Cruzeiro hoje? O que vocês pensam para o Cruzeiro? Na primeira reunião que tive com o Thiago (Urbajena), disse tudo que imaginava para uma instituição, porque esse banco é do Cruzeiro, que tem 50% dos lucros dessa instituição, o Cruzeiro não tem risco nenhum do negócio, e tem um banco dele. Você tem uma marca que foi desenhada para você com as cores do Cruzeiro e com as cores da marca. Quem faria isso? Ali demonstra que a instituição abraçou o Cruzeiro. E mais, lembro do dia que visitei o João em São Paulo, que ele com dois minutos, eu sai do escritório, ele me mandou uma foto vestido com a camisa do Cruzeiro. Ali o contrato já estava assinado, ele demonstrou que realmente havia abraçado o Cruzeiro. A gente não gostaria de ter um patrocínio por si só, eu até acho que o patrocínio da camisa vai continuar, o patrocínio da placa de campo vai continuar, essas ações que existem há 30, 40 anos vão continuar. Mas o que o Cruzeiro tem desenhado e que não é só uma instituição financeira que vamos anunciar agora, mas ao longo do ano teremos novidades e, inclusive, inovações para o meio do futebol. Talvez não seja inovação fora do ambiente do futebol, ambiente corporativo, mas para o futebol é novo. Eu falo muito com o Sérgio, muito com o Itair, muito com o Wagner, falo muito na base, a gente troca ideia, não há vaidade nenhuma, no trabalho no dia a dia, o que é raro no futebol. Qjando a equipe é em prol do mesmo objetivo, pode ter certeza, isso é um grande projeto que lançamos hoje e vão ter outros ao longo do ano. Eu queria deixa claro para o nosso torcedor. Óbvio que estudamos toda a instituição, mas essa é do Cruzeiro, é um banco desenhado para o Cruzeiro.

É possível delinear um valor referência, um mínimo? O torcedor está curioso pelo que foi divulgado, que seria o maior patrocínio da história do clube.

“O céu é o limite, como disse o Wagner (Pires de Sá). Não gostaria de transferir em momento algum o valor do patrocínio, a carga, a responsabilidade para o nosso torcedor. Não é de responsabilidade dele dar o valor do nosso patrocínio, queria deixar isso bem claro também. Eu acho que a gente desenhou esse projeto para que seja bom para o torcedor, e eu me incluo, porque sou torcedor também. Na hora de desenhar esse projeto, isso é bom para o torcedor? Essa instituição é sólida? Esse projeto vai realmente fazer diferença no dia a dia do torcedor? Eu vejo, óbvio que acompanho todas as redes, eu estou vendo ali, esse banco cobra, esse fala que não cobra, mas cobra. Qual o modelo de negócio desses bancos? Isso a gente estudou há cinco meses. Essa conversa teve, eu lembro que chamei o Serginho, e qual vai ser o caminho? A gente está vendo que as instituições financeiras estão assim, as instituições de educação estão assim, as montadoras assim. E aí, o que a gente vai fazer? Isso foi há cinco meses, e ao longo desses cinco meses a gente foi vendo qual a instituição que iríamos abraçar. Vai ter valores sim, tem um valor mínimo de conta, para mensalidade ela vai ter direito a dois extratos mensais, quatro transferências para outros bancos mensais e quatro saques. Tirando isso terão outras tarifas que são tarifas normais para todos os bancos.

Existem outras instituições financeiras que trabalham em parcerias com clubes. Vocês se inspiraram nesses negócios para criarem o Digi+ Cruzeiro?

“Não. A gente iniciou esse desenho lá atrás, fomos pioneiros nesse desenho, deixo isso bem claro. Visitamos dez instituições em pouquíssimo tempo e em todas as reuniões era novidade. Inclusive, o Cruzeiro tem sido muito elogiado nas visitas que temos feito, em São Paulo, no Rio, nas agências de publicidade, em qualquer empresa que a gente vá, seja ela de qualquer tamanho, temos sido elogiados pela visão que o Cruzeiro tem. Então, queria deixar bem claro que nesse desenho fomos pioneiros, porém, como qualquer outro negócio, não queríamos levar nada para o nosso torcedor que não estivesse pronto, que não tivesse sido estudado. A gente não teve pressa em momento algum de lançar e anunciar o nosso patrocínio. Existe essa ansiedade no meio da torcida, no meio das redes, mas a gente sempre fala muito, mas em momento algum tivemos essa ansiedade, a gente queria entregar o projeto pronto e que fosse a cara do torcedor”

São contratos diferentes, o patrocínio máster e o da plataforma (banco digital)?

“São dois modelos, a gente tem o patrocínio da camisa, a marca está estampada na camisa, isso até o final do ano. Tem também a parceria, a gente tem um banco agora, temos 50% de um banco agora. Se a gente pensa no futuro do Cruzeiro, por isso que esse projeto foi tão bem desenhado, a gente tem tanto carinho com ele, a gente acredita sim que é o futuro do Cruzeiro, um dos projetos que a gente quer lançar em 2019. Se a gente quer ter um banco temos dois modelos, um que já existe no mercado, que talvez não se preocupe tanto com a situação do clube. Mais uma vez, eu não quero transferir em momento algum para o nosso torcedor essa responsabilidade do valor. A gente tem o valor do patrocínio, o valor da parceria, por mais que a gente desenhe com os cenários realista, pessimista e otimista, e nós mesmos demos declarações com cenário otimista, acreditando na torcida. Eu não penso pequeno com o Cruzeiro, estamos pensando em R$ 100 milhões, R$ 150 milhões, agora depende do dia a dia do negócio. Eu acredito na torcida do Cruzeiro”

Negócio é de risco?

O Cruzeiro não tem risco em momento algum, é uma parceria de negócio e que vamos usar nossas forças de redes, torcedores e a força para alavancar negócio, em momento algum a responsabilidade não é do nosso torcedor.

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