(BEN STANSALL/AFP)
Dizer que Michael Phelps é um monstro em se tratando de Olimpíada é nadar no molhado – sozinho, o norte-americano já conseguiu o que o Brasil espera como desempenho para seus 462 atletas nos Jogos do Rio: um posto entre os 15 primeiros países, graças aos cinco ouros e à prata. Mas ele não é o único. Passados nove dias de competição, 18 atletas já têm um retrospecto melhor que o da delegação verde e amarela. Aliás, se fossem levados em conta apenas os ouros de Phelps, da também nadadora Katie Ledecky (quatro) e da ginasta Simone Biles, que ontem chegou à terceira vitória, na final do salto, os EUA estariam na briga com a China pela liderança na classificação geral.
É de se esperar que a situação se modifique nesta última semana dos Jogos, com boa expectativa para o vôlei de praia, o futebol, o handebol, as maratonas aquáticas, vela e a participação de Arthur Zanetti na final das argolas e de Róbson Conceição na final do boxe peso ligeiro. Ainda assim, a comparação mostra a diferença de realidades entre as principais potências olímpicas e os anfitriões.
Basta lembrar que, na história olímpica brasileira, apenas três vezes houve atletas que deixaram uma edição dos Jogos com mais de uma medalha no bolso – Antuérpia-1920, em que os atiradores Guilherme Paraense e Afrânio da Costa conseguiram, respectivamente, o ouro e prata, e integraram o quarteto bronze por equipes; Atlanta-1996, com Gustavo Borges (prata nos 200m e bronze nos 100m livre) e Pequim-2008, quando Cesar Cielo foi ouro nos 50m e bronze nos 100m livre.
Em comum além de serem esportistas acima da média, os 18 que já foram ao alto do pódio duas ou mais vezes no Rio têm o fato de contar com as condições ideais de preparação e treinamento, trabalho iniciado na escola, que prossegue na universidade.
Situação bem diferente da vivida pelo esporte brasileiro que apenas agora oferece a seus destaques estrutura e chance de competir constantemente no exterior contra os melhores do mundo. Um investimento que, espera-se, traga frutos nas modalidades de maior e menor tradição e, acima de tudo, permita o surgimento de atletas capazes de “carregar” a participação verde e amarela.Editoria de arte / N/A