A bancada da bola, time do Congresso que só entra em campo para atender aos interesses dos cartolas, fazendo de tudo para barrar a MP do Futebol, que tem caráter moralizador; os últimos dirigentes da CBF envolvidos num escândalo de corrupção mundial; o Brasileirão com um nível técnico baixo; os principais clubes do país com salários atrasados e de pires nas mãos, tentando vender os poucos bons jogadores que lhes sobraram, para o exterior; a Seleção eliminada da Copa América por um Paraguai que, três dias depois, levou 6 a 1 da Argentina.
A humilhante goleada da Alemanha sobre o Brasil deixou uma ferida que vai muito além dos 7 a 1, registrados há exatos 365 dias, no Gigante da Pampulha. E pior do que isso. Definitivamente não serviu de lição para o país que se achava o do futebol.
O vexame no Mineirão trouxe a percepção do abismo técnico, tático e estrutural entre o Brasil e as principais potências do planeta. Ficou evidente que não tínhamos mais aqueles que melhor tratavam a bola.
Coadjuvantes
Um ano após aquela hecatombe, pouca coisa mudou. Sem Neymar, que ficou de fora da partida, machucado, o futebol brasileiro ficou nas mãos de coadjuvantes no cenário mundial.
E a história se repetiu na Copa América do Chile, com final idêntico: a Seleção deu vexame.
Isso porque o futebol brasileiro vive o reflexo de uma geração moldada no erro. O maior deles, a Lei Pelé, tratada no início como salvação, mas que claramente serviu para piorar o processo de formação dos jogadores.
Geração
Junte-se a isso uma geração perdida de atletas que não estavam em campo. Robinho, 30 anos, Kaká (32), Adriano (32) e Ronaldinho Gaúcho (34) eram aqueles que reuniam condições de ser o que Romário foi para a conquista do tetra. Porém, pelas mais diversas situações, ficaram apenas no imaginário.
Usado por muitos, pensado por quase ninguém, o futebol brasileiro pagou um preço alto.
A vitória alemã surgiu muito mais por um descaso do Brasil com seu futebol do que simplesmente por um mero acaso. É hora de aprender com a catástrofe.
No país do futebol, a história de má gestão de um de seus maiores patrimônios é tão antiga quanto à centenária Seleção Brasileira. Há décadas existe o debate de que há um atraso estrutural, tático e de mentalidade. E a quem interessa que isso deixe de existir? Aos cartolas, já está claro que não.
(*) Colaborou Mateus Marotta