URT tenta 'vender semifinal' e investidores podem custear jogo com o Atlético no Mineirão

Guilherme Guimarães*
gguimaraes@hojeemdia.com.br
10/04/2017 às 16:58.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:05

O torcedor da cidade de Patos de Minas “roeu o osso” junto a URT durante toda a fase de classificação do Campeonato Mineiro. No entanto, ficará “sem o filé” nas semifinais da competição contra o Atlético.

O jogo de ida entre Pato e Galo, neste domingo, às 11h, não será na região Central de Minas Gerais, mas, sim, no Mineirão. Motivo? A casa do time de Patos, o Zama Maciel, não reúne condições estruturais para receber partidas dessa magnitude. E o segundo estádio escolhido como casa da União Recreativa dos Trabalhadores, o Bernardo Rubinger de Queiroz (do rival Mamoré) está vetado.

Um laudo de avaliação feito por empresa especializada “deu pau” no gramado do Bernardo Rubinger de Queiroz, segundo local escolhido pela equipe do interior para mandar seus jogos na competição. 

“Tentamos fazer com que o jogo fosse realizado na nossa própria cidade, mas não teve jeito. O gramado do Bernardo Rubinger de Queiroz não reúne condições de receber partidas. O Mamoré não tem centro de treinamento e todo o trabalho do clube é feito no estádio, o que compromete sua qualidade, já que a preparação da equipe no Módulo II foi toda feita lá”, justifica o presidente da URT, Roberto Miranda, em entrevista ao Hoje em Dia.Reprodução / N/A

Segundo apurou o Hoje em Dia, o Mineirão foi o terceiro estádio citado pela URT - na reunião que definiu detalhes do Campeonato Mineiro – como palco dos jogos da equipe na competição. Como haverá despesas para se abrir o Gigante da Pampulha e isso poderia render prejuízo ao time de Patos de Minas, a diretoria do Pato tenta “vender o jogo” a um grupo de investidores. Essa empresa teria toda a responsabilidade de gerir a logística de ingressos, arcaria com o custo da partida, e repassaria uma quantia em dinheiro ao Pato pela “compra dos direitos do jogo”. URT 

“Tem uma empresa que está interessada em nos ajudar a fazer esse jogo no Mineirão. Não posso dar detalhes, mas o negócio pode ser rentável para a URT, que não teria despesas para jogar no Mineirão”, disse Miranda à reportagem.

Em nota enviada à imprensa, a URT confirma que o jogo no Mineirão é "interessante financeiramente" para o clube. "A URT está ajustando os detalhes finais da partida junto à Minas Arena e à Federação Mineira, e divulgará os preços e locais de venda dos ingressos até amanhã", diz trecho da nota. 

Inversão de mando de campo

O regulamento do Campeonato Mineiro não permite que haja inversão de mando de campo nos jogos da semifinal e final. Ou seja, uma equipe não pode atuar nos domínios do seu adversário como mandante. Mas, o artigo 27 do documento que rege o Estadual cita que as referidas partidas “pertencem à FMF” e que a entidade pode escolher o palco das partidas, sem que aconteça a tal inversão de mando. Reprodução 

O Atlético, um dos interessados para que o jogo aconteça onde o clube "evite" longa viagem, não quis entrar em polêmica e, em resposta à reportagem, disse que a escolha do jogo de ida das semifinais é da URT. 

"URT é mandante do primeiro jogo. Se o estádio local não cumpre as exigências do regulamento (aprovado pelos clubes no arbitral), cabe a esse clube, em entendimento com a FMF, definir o local da partida", reitera a diretoria atleticana. 

No ano passado, durante o Campeonato Brasileiro, o presidente do Atlético criticou o América pela venda de mando de campo. Na ocasião, o Coelho jogou com o Palmeiras em Londrina, no Paraná, e faturou algo em torno de R$ 700 mil, ao "repassar os direitos de bilheteria" a um grupo de investidores. "

“ Vou entrar com outro pedido, se alguém tem direito de comprar o mando que todos tenham. Se é para avacalhar, que todos possam fazer isso também (...) A partir disso, você ter negociação do seu mando é uma vergonha para a torcida, que não tem que aceitar isso (...) Agora, vender o jogo pra levar torcida do adversário, porque você não está na disputa, não é futebol isso, é negócio. Futebol não é assim não”, afirmou o mandatário em entrevista à TV Globo no ano passado.

*(Com Henrique André e Alexandre Simões)

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