(Reprodução/CBF)
Marco Polo Del Nero teve uma ideia para combater a violência de torcedores organizados. "Ainda nem falei para os clubes sobre isso", sorriu o presidente da
Federação Paulista de Futebol (FPF), que ficou convicto da necessidade de minar as facções depois da briga entre seguidores da Ponte Preta e policiais militares no Moisés Lucarelli, durante jogo com o Corinthians.
"A gente pode mudar essa situação criando torcidas uniformizadas dentro dos clubes, com monitores para cada 100 torcedores, por exemplo", inventou Del Nero, que quer transformar os "monitores" em professores do público frequentador dos estádios. "Eles orientariam a cantar hinos para animar a equipe. Até vai poder contestar, gritando 'queremos jogadores' ou reclamando do presidente, mas não brigar", ensinou.
O presidente da FPF pretende encaminhar em breve a proposta para os presidentes dos quatro grandes clubes do Estado e os demais filiados. "Vamos lutar para que
os monitores deem certo no futuro. Se for o caso, a Federação até colabora para pagá-los. A gente tem que acabar com as organizadas e trazer os torcedores para as uniformizadas com monitores", bradou Del Nero.Por enquanto, a FPF combate a violência através de medidas punitivas às organizadas. A Torcida Jovem da Ponte Preta será suspensa dos estádios depois do confronto de domingo. A confusão na partida de quartas de final do Campeonato Paulista começou pouco depois de Romarinho marcar o primeiro gol do Corinthians na vitória por 4 a 0, ainda no primeiro tempo, e estendeu-se até o princípio do segundo.
De acordo com a Polícia Militar (PM), a organizada da Ponte Preta se irritou ao perceber a presença de corintianos infiltrados na arquibancada destinada ao time mandante. A resposta veio com violência, contra-atacada pelos policiais, e culminou com presos e feridos.
"Para esses casos, contamos com um departamento de segurança e prevenção, que certamente vai suspender por um bom tempo a torcida que tomou a iniciativa de abrir confronto com os policiais. A punição vai impedir que eles entrem com seus uniformes nos estádios, que vendam roupas... E o clube provavelmente não vai ceder ingressos a esse tipo de torcida", discursou Del Nero.
O presidente da FPF sabe que a medida não é suficiente para eliminar a violência. "Ainda assim, ao menos a gente está atingindo o bolso das organizadas. Elas vivem de dinheiro. Têm até CNPJ, pegando ingressos dos clubes por R$ 10 e vendendo por R$ 20 para os seus associados. Ou seja, são clubes dentro dos clubes. Temos que acabar com isso por meios dos monitores. Vamos levar quem está nas organizadas para as uniformizadas", voltou a planejar Marco Polo Del Nero.