(Khaled Kamel)
SÃO PAULO - Um estudante universitário foi morto neste sábado (28) em confronto entre islamitas e as forças de segurança no campus da Universidade Al-Azhar, no Cairo, durante protesto contra o decreto do governo interino que considerou a Irmandade Muçulmana um grupo terrorista. O protesto terminou com um incêndio em dois prédios da universidade, provocado pelos alunos, que puseram fogo em parte do mobiliário. A instituição de ensino é um dos principais locais de protesto da "semana da ira", convocada por grupos islâmicos para se revoltar contra o governo controlado por militares. Na quarta-feira, o governo considerou a Irmandade Muçulmana um grupo terrorista, após um atentado que deixou 14 mortos e mais de cem feridos em Mansura, na terça. Desde quinta, dia de começo dos atos, pelo menos seis pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e mais de 300 foram detidas. Segundo a estudante ativista Shaimaa Mounir, o jovem morto se chamava Khaled el-Haddad, um apoiador da Irmandade. A morte foi confirmada pela televisão estatal, embora o governo ainda não tenha comentado a respeito. De acordo com o Ministério do Interior, os prédios que abrigam as faculdades de Arquitetura, Comércio, Ciências e Direito Islâmico ficaram parcialmente queimados após os estudantes colocarem fogo em parte do mobiliário para impedir a realização de provas. Os bombeiros conseguiram controlar as chamas. Em seguida, as forças de segurança conseguiram dispersar os islamitas com bombas de gás lacrimogêneo e liberaram o acesso da faculdade a outros alunos que não participavam do ato. O incêndio aconteceu em meio aos confrontos entre os manifestantes e os policiais. O governo afirma que prendeu mais de 60 estudantes e apreendeu bolsas com pedras, fogos de artifício, coquetéis molotov e uma bolsa cheia de pregos. Prisões Neste sábado, outras 16 pessoas foram presas na província de Al Minufiyah, ao norte do Cairo, por atacar várias delegacias de polícia e incitação a manifestações e à violência. O governo proibiu a realização de protestos sem autorização em novembro e na semana passada impediu a realização de atos da Irmandade. Os confrontos acontecem em meio à jornada de protestos, convocada pela Coalizão Egípcia para a Defesa da Legitimidade, que apoia o presidente islamita Mohammed Mursi, retirado do poder pelos militares em julho e preso acusado de associação ao terrorismo. Em uma nota chamando para a "semana da ira", a entidade afirmou que o governo passou dos limites, mas que pretende atuar de forma pacífica. "Não ficaremos de braços cruzados diante da agressão contra as mulheres do Egito e os abusos contra os detidos que rejeitam o golpe de Estado", ressalta a nota.