Estudantes da UFMG cobram clareza na apuração de denúncias de fraudes no sistema de cotas

Lucas Eduardo Soares
lsoares@hojeemdia.com.br
13/09/2018 às 20:30.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:26
 (Editoria de Arte)

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A UFMG apura pelo menos 34 casos de estudantes suspeitos de fraudar o sistema de cotas raciais na faculdade em 2017. Outras 25 denúncias foram entregues à universidade por estudantes da instituição, referentes a ingressos no primeiro semestre de 2018. 

No ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) requisitou a instauração de inquérito policial. Se as suspeitas forem confirmadas, fraudadores poderão ser enquadrados pelo crime de estelionato. Estudantes planejam ato para cobrar da instituição de ensino um posicionamento sobre o andamento das investigações.

Em julho do ano passado, o Hoje em Dia mostrou fraudes nos sistemas de cotas nas universidades brasileiras. O assunto ganhou nova repercussão em setembro, quando três alunos da medicina da UFMG foram denunciados pela utilização indevida da política pública. Em novembro, outra acusação de fraude na Pós-graduação de Comunicação foi feita. 

Sob a alegação de sigilo, a universidade não deu parecer sobre os casos da graduação, mas uma comissão foi criada para apurar as suspeitas. Quanto à pós, o processo ainda é analisado, diz a instituição.

Validação

Thalita Rodrigues, representante da Comissão de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG), entende que uma resposta da universidade sobre o processo validaria a experiência dos estudantes que denunciaram as fraudes. 

“Além disso, um retorno traria uma resposta, legitimaria o processo de cotas, que é sério e garantido pela legislação, como também afirmaria que fraudes não são aceitas pela universidade”, diz. 

Segundo o presidente da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro), Alexandre Braga, os alunos estão curiosos para saber como o processo caminha. “Faremos reunião na semana que vem para planejar ato público e, dessa maneira, pressionar para a divulgação de que pelo menos algo tem sido feito em relação aos nomes de 2017”, expôs.

O estudante de medicina Marcus Vinícius Ribeiro Cruz, de 18 anos, é um dos que cobra um posicionamento. “Nós não sabemos em que pé está a situação. A comunidade acadêmica fica incomodada por desconhecer o processo adotado”, desabafa.

Equiparação

Estudiosa das políticas públicas e doutora em educação, a professora Maria Auxiliadora Monteiro afirma que as cotas são importantes, principalmente por o Brasil ser “um país extremamente desigual”. 

“Nós temos uma dívida social muito grande. As cotas são necessárias para tentarmos equiparar as injustiças, como também fomentar o acesso ao capital cultural”, acredita.

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