Estudo mostra problemas ambientais causados por cemitérios

Do Hoje em Dia
06/11/2012 às 06:07.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:54

Estudo feito por um professor universitário em mais de mil cemitérios públicos e privados brasileiros constatou problemas ambientais e sanitários em 75% deles. Os problemas vão desde a proliferação de animais transmissores de doenças à contaminação do lençol freático pelo líquido que se forma durante a decomposição de cadáveres enterrados, o necrochorume, que contém substâncias tóxicas, como a putrecina e a cadaverina, além de metais pesados.

É uma história de terror, da qual a Prefeitura de Belo Horizonte tenta escapar ao programar para o próximo ano a terceirização dos cemitérios da Paz e da Saudade. Não há, porém, garantias de que a administração privada resolva problemas dessa natureza.

A esse respeito, é sintomático o que se lê num relatório da Polícia Federal divulgado ontem por um jornal paulista. A PF traça um raio-x de mais de 8 mil investigações sobre fraudes em licitações, corrupção e peculatos, relacionadas a contratos que totalizam R$ 11,6 bilhões. As investigações foram feitas a partir da criação, no final de 2011, do Serviço de Repressão a Desvios de Recursos Públicos (SRDP).

O jornal destaca que nem mesmo a construção de cemitério deixou de ser alvo de direcionamento de licitação. O caso relatado ocorreu no Norte de Minas, onde a Polícia Federal conduz dez investigações para apurar desvios que chegam a R$ 500 milhões. Num telefonema gravado com autorização judicial, o proprietário de três empresas que têm contratos com 37 prefeituras da região reclama que outra empresa participaria da licitação para a construção do novo cemitério de Montes Claros, contrariando o acordo feito anteriormente. Segundo o relatório da PF, “as licitações de que as empresas participam não admitem surpresas, ou seja, sabe-se quais empresas vão participar do certame e os valores apresentados nas propostas”.

A impressão que se tem é que demorou demais o cumprimento da promessa feita em 2002, na pré-campanha de Lula, num vídeo de um minuto produzido pelo publicitário Duda Mendonça para a Campanha Xô Corrupção. Muitos ainda se lembram da imagem forte de ratos que saem de um buraco na parede e começam a comer a bandeira do Brasil, acabando por arrastar o que resta dela para dentro da toca. “Uma campanha do PT e do povo brasileiro”, diz o letreiro exibido nos segundos finais do vídeo, que voltou a fazer sucesso na Internet.

Esse bom propósito não deveria ser enterrado numa cova rasa de cemitério.
 

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por