(NamibRand Nature Reserve)
WASHINGTON - O mistério dos "anéis de fadas" surgidos na África foi resolvido. Estes enigmáticos círculos de grama de 2 a 12 metros de diâmetro com o centro vazio são criados por cupins, revela um estudo na revista científica Science.
As conclusões do trabalho põem fim a mais de 25 anos de pesquisas para tentar entender estas formações frequentes nas pradarias do sudoeste africano, particularmente na Namíbia, onde o povo autóctone dos Himba atribui estes círculos a uma criação divina.
A teoria dos cupins já tinha sido descartada pela falta de provas suficientes.
Mas o botânico Norbert Juerguens, da Universidade de Hamburgo na Alemanha, retomou a pesquisa e conseguiu demonstrar que certos cupins de areia, denominados psammotermes, provavelmente são a causa destes "anéis de fada", também conhecidos como "cirandas de bruxas".
Juerguens estudou um trecho do deserto de 2.000 km, do centro de Angola até o norte da África do Sul, e constatou que estes insetos eram os únicos organismos vivos sempre presentes dentro destes círculos desde o início de sua formação.
Este pesquisador, que teve seu estudo é publicado na edição desta sexta-feira da revista Science, pôde observar que os cupins se alimentam de raízes de grama, pastagens e outras plantas que acabam desaparecendo nestes locais.
A falta de vegetação no interior dos círculos faz com que a água da chuva não evapore e fique armazenada na profundidade do solo arenoso.
Essa água permite que os cupins sobrevivam e se mantenham ativos durante a estação seca e também explica porque a vegetação pode crescer fora do círculo.
Para Juergens, o fenômeno é um exemplo do ecossistema produto da atividade dos cupins: os "círculos de fadas", que às vezes podem durar décadas, tornam permanente uma vegetação que normalmente é temporária no deserto.