Estudo revela que Brasil é o maior mercado mundial de crack

Do Hoje em Dia
08/09/2012 às 07:27.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:06

O mais recente estudo sobre o consumo de drogas põe o Brasil na liderança de um triste ranking. Seríamos atualmente o maior mercado mundial de crack, essa terrível droga química que destrói cérebros e vidas. E o segundo maior consumidor de cocaína, atrás apenas dos Estados Unidos, um país que se destaca também no combate policial às drogas ilegais.

Com mais recursos, uma polícia mais bem qualificada e justiça rápida e rigorosa na aplicação de penas, apesar disso os EUA não conseguem acabar com o tráfico de drogas. No Brasil, é evidente o insucesso de sua estratégia, como se vê pelo avanço desse comércio ilegal nos últimos anos. Autoridades e estudiosos precisam se debruçar com mais empenho sobre o problema, em busca de outros enfoques não policialescos.

O estudo foi divulgado nesta semana pela USP e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Drogas. Os pesquisadores ouviram 4.607 pessoas com mais de 14 anos em 149 municípios de todo o país. Conforme o estudo, pelo menos 1 milhão de pessoas usaram crack nos últimos 12 meses e 2,8 milhões usaram cocaína, metade dos quais se tornaram viciados. O número é igual a 2% da população. Nos Estados Unidos, com população superior a 309 milhões de pessoas, calcula-se em 4,1 milhões os usuários de cocaína no último ano.
 
Entre os consumidores brasileiros de cocaína, 78% declararam que é fácil conseguir essa droga no mercado. Um mercado que há 30 anos era quase inexistente. O organizador do estudo, o médico psiquiatra Ronaldo Laranjeira, afirma que estamos entre os países com mais rápido crescimento do consumo de cocaína. Calcula-se que 6 milhões de brasileiros, ou 4% da população, já experimentaram a droga ao longo da vida, entre os quais, 45% antes de completar 18 anos.

Quanto mais cedo se usa cocaína, maior a chance de ficar viciado, de acordo com uma das coordenadoras do estudo, a psicóloga Clarice Madruga. Segundo ela, mais de 20% dos brasileiros conhecem pessoas com problemas com a cocaína. Sendo assim, é possível que os números da pesquisa, por si só assustadores, estejam subestimados.
 
O problema é mais sério na Região Sudeste, que concentra 42% da população brasileira e 45% dos usuários dessas drogas. Apenas 1% dos que admitiram consumir cocaína afirmou que já buscou tratamento. Portanto, além de repensar a prevenção, as autoridades precisam aperfeiçoar o atendimento que é oferecido aos dependentes.

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