O anidro (o nome significa “sem água”) é o que você compra, queira ou não, ao abastecer com gasolina. Ele já vem misturado no percentual decidido pelo governo. Oficialmente, a gasolina deveria conter 22% do etanol anidro, tanto que ela é oficialmente chamada de E22. Mas a pressão dos usineiros sobre o governo fez subir o percentual para 27,5%. E não se assuste se, um dia, crescer mais um pouco e chegar a 30%: a Petrobrás não confessa mas eu garanto que já fez testes com esta mistura.
O etanol hidratado é o que você compra “puro” na bomba. O puro foi entre aspas exatamente por ter um percentual de água, que vai de 6% a 7%. Isto nos postos honestos, pois vira e mexe descobre-se um excesso de hidratação e seu tanque acaba recebendo álcool com mais de 10% de água. E o que é pior: pesquisa do etanol hidratado feita em laboratório revelou que um posto chegou a misturar água do mar, o que provocou uma super-oxidação no sistema de combustível do automóvel.
Outras aberrações de combustíveis no Brasil prejudicam o carro e o seu bolso. Em primeiro lugar, o motorista é enganado pelo próprio governo à medida que aumenta o percentual de etanol na gasolina: seu poder energético é menor e, portanto, paga-se por um combustível, recebe-se outro de menor valor e que faz crescer o consumo.
Outro problema é o próprio posto aumentar o percentual de etanol na gasolina além dos 27,5%, o que aumenta seu lucro desonestamente, pois o álcool custa menos. Neste caso, não há problemas técnicos no carro flex, pois ele foi projetado para receber gasolina ou etanol em qualquer proporção. O motorista só vai perceber um consumo maior. Porém, é problema sério no carro a gasolina, pois ele não foi projetado para receber a água contida no etanol hidratado (que o posto desonestamente misturou à gasolina).