As autoridades americanas planejam realizar as audiências há muito tempo adiadas com dezenas de detentos de Guantánamo, para decidir se ainda representam uma ameaça para o país, anunciou o Pentágono nesta segunda-feira (22). O presidente Barack Obama ordenou a revisão dos casos em março de 2011, mas as agências governamentais levaram mais de dois anos para estabelecer um plano. Essa demora alimentou as críticas dos grupos de defesa dos direitos humanos. A decisão foi tomada depois de reiteradas promessas de Obama de fechar a polêmica prisão, apesar da oposição de alguns membros do Congresso. Em Guantánamo, mais de 100 detentos que ainda esperam ser julgados chegaram a participar de uma greve de fome. Serão revistos 71 casos, do total de 166 presos, disse o porta-voz do Pentágono, tenente-coronel Todd Breasseale. Nesse grupo, a maioria foi designada como muito perigosa para ser liberada. Os detentos ainda não foram acusados de qualquer crime, pois não há provas suficientes para serem julgados. O Pentágono começou a notificar os presos sobre as audiências, mas não informou quando elas vão começar, nem se os jornalistas serão autorizados a acompanhar os procedimentos. "Ainda não foram formados os painéis e apenas vão começar quando todas as condições razoáveis forem cumpridas", disse Breasseale. Os novos painéis incluirão altos oficiais dos Departamentos de Defesa, Justiça, Estado, Segurança Doméstica, assim como oficiais de Inteligência e do Estado-Maior Conjunto. Depois dos ataques do l1 de Setembro e da subsequente guerra no Afeganistão de 2001, Washington abriu a prisão de Guantánamo para alojar os militantes capturados pelas tropas no campo de batalha, ou entregues por outros países dentro da guerra ao terror. Mais da metade dos presos não foi acusada nos EUA. Em sua maioria, são iemenitas detidos anos atrás, mas as autoridades americanas temiam que fossem recrutados por grupos extremistas, se voltassem para seus países de origem. Como parte de sua renovada promessa de fechar a prisão, Obama se comprometeu a suspender a moratória sobre a transferência dos presos iemenitas para casa.