EUA prometem 60 milhões de dólares de ajuda não letal a rebeldes sírios

AFP
28/02/2013 às 16:24.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:27
 (Claudio Peri)

(Claudio Peri)

ROMA - Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (28) uma ajuda adicional de 60 milhões de dólares à oposição síria, mas sem o envio de armas, durante a conferência internacional "Amigos do Povo Sírio", realizada em Roma.

"Os Estados Unidos darão 60 milhões de dólares em ajuda não letal para apoiar os esforços da oposição síria nos próximos meses", declarou o secretário de Estado John Kerry, em uma coletiva de imprensa após ter se reunido pela primeira vez com o chefe da Coalizão Nacional Síria, Ahmed Moaz al-Khatib.

"Será uma ajuda direta" aos rebeldes do Exército Sírio Livre em forma de "assistência médica e comida", acrescentou Kerry, que se disse favorável a um "apoio político".

"Todos os sírios devem saber que eles podem ter um futuro", ressaltou. "A Coalizão de oposição pode conseguir conduzir uma transição pacífica", considerou o americano.

O encontro em Roma reuniu a oposição síria e 11 países - Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Turquia, Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos - que apoiam a oposição ao presidente Bashar al-Assad.

Enquanto isso, a reunião da oposição síria, marcada para sábado em Istambul, para designar um "primeiro-ministro" a cargo do futuro governo dos territórios rebeldes, foi adiada indefinidamente, segundo um membro da Coalizão de oposição.

"Foi o presidente da Coalizão que tomou esta decisão de adiar a reunião. A conferência foi adiada e não há nova data definida. Não posso indicar as razões, e nem excluir o seu cancelamento", afirmou Samir Nachar, membro da Coalizão.

Já os onze países da conferência dos "Amigos do Povo Sírio" prometeram "mais ajuda política e material" à oposição síria.

"Os ministros prometeram mais ajuda política e material para a Coalizão (Nacional Síria), representante única e legítima do povo sírio, e mais ajuda concreta ao interior da Síria", escreveram os ministros em um comunicado.

Os representantes "ressaltam a necessidade de mudar o equilíbrio de poder no terreno" e "lamentam o envio contínuo de armas ao regime (do presidente Bashar al-Assad) por países terceiros", uma crítica explícita contra a Rússia, que continua a fornecer armas e munições a Damasco.

No início da manhã, Kerry e Al-Khatib se reuniram em um grande hotel da capital italiana.

O secretário de Estado americano, para quem a reunião de Roma é o ponto culminante de seu giro na Europa, pediu em Paris na quarta-feira mais ajuda para a rebelião e para "acelerar a transição política na Síria.

A comunidade internacional tem pressionado Damasco e a oposição para que deem início as negociações para encontrar uma solução para o conflito, que já matou 70.000 pessoas em dois anos.

Kerry havia conseguido convencer no início desta semana o chefe da oposição síria a reconsiderar seu boicote a esta reunião em Roma. Khatib queria protestar contra a falta de ação internacional em resposta ao conflito.

Os americanos se apegam há meses a uma ajudar "não-letal" para a rebelião, a Casa Branca rejeita qualquer assistência militar. Mas o governo Obama esteve dividido no verão do hemisfério norte de 2012 sobre a oportunidade de armar os rebeldes.

Em abril de 2011, Washington destinou 25 milhões de dólares para assistência e equipamentos "não letais" para os rebeldes líbios que combatiam o exército do ex-ditador Muammar Kadhafi. Essa assistência incluía rações militares, coletes à prova de balas, uniformes, barracas, binóculos, rádios e equipamentos médicos.

Antes de Roma, Kerry encontrou em Berlim seu colega russo, Sergei Lavrov.

Solução à base de vodca

Nesta quinta-feira (28), em visita a Moscou, o presidente francês François Hollande disse esperar uma "solução política" para acabar com a escalada rápida do conflito na Síria, uma questão que ele pretende discutir com seu homólogo russo, Vladimir Putin.

"Acredito que nas próximas semanas vamos poder encontrar uma solução política que ponha fim à escalada de conflito" na Síria, declarou Hollande em entrevista à rádio Eco de Moscou, de acordo com declarações traduzidas do russo.

O presidente francês acrescentou que "constatou progressos" em favor de um diálogo político entre o regime de Damasco e a oposição.

Putin, no entanto, chegou a tratar a questão de uma maneira mais bem humorada, ao afirmar que é impossível encontrar uma solução para a crise síria "sem uma garrafa de vodca".

"Sobre a Síria, nós discutimos intensamente. Devemos ouvir as opiniões de nossos colegas sobre determinados aspectos deste problema complicado", declarou Putin durante uma coletiva de imprensa no Kremlin com o Hollande.

"Parece-me impossível ver as coisas de forma clara sem uma garrafa de bom vinho ou sem uma garrafa de vodca", brincou.

Moscou pediu nesta semana que o regime sírio e a oposição iniciassem um diálogo. Damasco declarou estar pronto para discutir, mesmo com grupos armados, uma oferta rejeitada pelos rebeldes, que exigem a saída de Assad antes de tudo.

No terreno, os rebeldes sírios tomaram na madrugada desta quinta-feira o controle da mesquita dos Omeyas, no centro de Aleppo, símbolo histórico e religioso da segunda cidade síria, após a retirada das forças regulares das construções vizinhas.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), "os soldados do regime se retiraram da mesquita que agora está nas mãos dos rebeldes (...)", enquanto os confrontos continuam nos arredores do Palácio da Justiça e da Praça Sabaa Barhat.

Além disso, um ataque com carro-bomba em Homs causou um número indeterminado de mortos e feridos.

O OSDH também relatou a morte de 12 civis, quatro deles de uma mesma família, torturados na prisão após a detenção em Damasco.

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