Europa quer ajudar rebeldes sírios com petróleo, mas não armas

AFP
22/04/2013 às 16:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:02

LUXEMBURGO, 22 Abr 2013 (AFP) - A União Europeia enviou nesta segunda-feira (22) um sinal de apoio à oposição síria ao autorizar as importações de petróleo de regiões sob seu controle, enquanto o debate sobre o possível fornecimento de armas continua.

Reunidos em Luxemburgo, os ministros das Relações Exteriores da UE retiraram parcialmente o embargo ao petróleo sírio aplicado desde setembro de 2011.

Os ministros consideraram "necessário introduzir isenções" às sanções, a fim de "ajudar a população civil da Síria, particularmente em resposta aos problemas humanitários (...) e para restaurar a atividade econômica", indicaram no relatório ao fim do encontro.

"Estamos respondendo às críticas da oposição e da população, de que são mais afetadas pelas sanções internacionais do que o regime" do presidente Bashar al-Assad, explicou um alto funcionário da UE.

"Queremos ajudar na reconstrução econômica" das regiões controladas pela oposição, "de modo que as pessoas vão perceber que há uma alternativa real ao regime de Assad", ressaltou o chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle.

A UE pretende eliminar as restrições à venda de equipamentos para exploração do petróleo e sobre os investimentos no setor, desde que eles não beneficiem o regime.

As empresas interessadas na importação de matérias-primas ou em investimentos devem solicitar permissão aos governos de seus países, que buscarão garantias da Coalizão opositora.

Os europeus também estão preocupados com o controle dos principais campos de petróleo pelos vários movimentos rebeldes. Aqueles de Deir Ezzor (leste) e de Hasakah (nordeste) estão, em sua maioria, nas mãos de insurgentes, principalmente da Frente Al-Nusra, ligada à Al Qaeda, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Não devemos esperar que as novas medidas tenham um impacto rápido", alertou um membro da UE, reconhecendo a "complexidade" da sua implementação.

Desde o início da revolta, em março de 2011, a produção de petróleo na Síria caiu vertiginosamente, atingindo 130 mil barris por dia em março, pouco mais de 0,1% do total mundial, de acordo com as últimas estimativas do Agência Internacional de Energia (AIE).

A questão das armas ainda pendente

Com as medidas decididas nesta segunda-feira, os europeus seguem a mesma linha conservadora adotada pelos Estados Unidos, que anunciaram no sábado a duplicação da ajuda direta à oposição.

Apesar dos apelos insistentes da Coalizão, os países e europeus, assim como os Estados Unidos, relutam em fornecer armas pesadas que permitiram os rebeldes a lutar contra os ataques aéreos de Damasco.

Na UE, Londres e Paris continuam isolados sobre este assunto que deverá ser resolvido até 1º de junho, data quando serão prorrogadas ou alteradas as sanções à Síria.

No entanto, se "um ou dois países quiserem fornecer armas", a Alemanha está disposta a "não se opor", afirmou Westerwelle, ressaltando novamente o risco de tais armas "caírem em mãos erradas".

Para muitos ministros europeus, esses temores são reforçados pela divisão dentro dos grupos que lutam contra as forças de Assad. O chefe da diplomacia belga, Didier Reynders, declarou ser "muito preocupante" a situação após o anúncio feito no domingo da renúncia do líder da Coalizão, Ahmed Moaz al-Khatib. É necessário "continuar a pedir que a oposição seja mais organizada, mais inclusiva", acrescentou.

No terreno, o Exército sírio marcou pontos nos últimos dias em duas frentes estratégicas: nas regiões de Damasco e de Homs, na fronteira com o Líbano, que liga a capital ao litoral.

Ele tomou o "controle total" da cidade de Jdeidit al-Fadl, onde OSDH identificou pelo menos 80 mortos, incluindo muitos rebeldes mortos no bombardeio no domingo.

De acordo com o Observatório, combatentes de elite do movimento xiita libanês do Hezbollah, firme aliado do regime sírio, está em confronto contra os rebeldes na região de Qousseir, na fronteira com o Líbano.

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