Ex-funcionário do BNDES pode ter favorecido a JBS junto ao banco, diz Fantástico

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
22/05/2017 às 00:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:39

O ex-chefe do Departamento de Mercado de Capitais do BNDES José Cláudio Rego Aranha pode ter favorecido a JBS em negócios bilionários, informou o Fantástico, da Rede Globo, neste domingo (21).

Dono de uma vinícola na Paraíba do Sul, no interior do Rio de Janeiro, Aranha se aposentou no Banco Nacional de Desenvolvimento em 2009. Ele era um dos responsáveis por emitir pareceres que recomendavam ou não a liberação de recursos às empresas e a JBS era uma dessas organizações.

De acordo com a reportagem, Aranha, além de trabalhar no BNDES, tinha cadeira no Conselho de Administração da JBS. Com a posição dupla, ele deu aval de grandes negócios para os irmãos Batista, Joesley e Wesley.

“Depois que eu entrei no conselho, eu fiquei 30 ou 40 dias e pedi demissão”, disse Aranha à reportagem do Fantástico. No entanto, conforme apuração do programa global, José Cláudio Aranha acumulou as duas funções por cerca de um ano.

Em 4 de março de 2008, conforme o Diário Oficial, ele deveria estar em uma missão internacional na Alemanha pelo BNDES. Só que, no mesmo dia, o nome de José Cláudio aparece na ata de uma reunião da JBS, em São Paulo.

Ao ser questionado pela equipe de reportagem sobre o fato, Aranha não gostou e disse: “Está achando documentos que até eu desconheço. Eu estava na Alemanha para projetos específicos para o BNDES, que depois não foi implantado. O que você está dizendo não é meu problema. Estou dizendo o que eu fiz”.

Bilhões

A matéria também apurou que, entre 2007 e 2010, no governo Lula, o BNDES injetou mais de R$ 8 bilhões na JBS, com política de incentivos atualmente sob suspeita. A maior parte do dinheiro público foi usada na expansão dos negócios da JBS no exterior.

A primeira aquisição foi da empresa americana Swift, por mais de R$ 1 bilhão. Em 2008, a JBS tentou novas aquisições nos EUA com a compra da Smithfield Foods e National Beef, com investimento de quase R$ 1 bilhão. Mais uma vez, o BNDES foi acionado e a proposta aprovada em tempo recorde em 22 dias, com aval de José Cláudio e outros funcionários do alto escalção do banco.

A reportagem também mostrou que, segundo investigação da Polícia Federal, o tempo médio para análise de um negócio como esse é muito maior, de sete meses. A compra da National Beef acabou não ocorrendo. Só que boa parte do dinheiro, mais de R$ 600 milhões continuou com a JBS e não foi devolvida ao BNDES.

Resposta

O banco disse em nota ao Fantástico que, à época, as normas internas não restringiam a participação de funcionários em conselhos de administração de empresas privadas. A regra mudou no ano passado com a troca de comando da instituição bancária.

Para juristas, a prática feria a constituição. No começo de maio, José Cláudio e outros 34 servidores foram levados para depor na sede da Polícia Federal. As operações bilionárias do BNDES em favor da JBS, assim como a participação de funcionários do alto escalão do banco, estão sendo investigadas na operação Bullish. 

Ao longo da reportagem, o ex-funcionário do BNDES responde ao repórter que as afirmações são incorretas. Questionado sobre as acusações, José Aranha diz: "Não tem acusação nenhuma", e saiu do local da entrevista.

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