Afastado pela Justiça do mandato e do cargo de presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, sob a suspeita de crimes contra a administração pública, fraude em licitações, corrupção passiva e ativa e desvio e lavagem de dinheiro, Wellington Magalhães (PTN) esteve nesta quarta-feira (7) no Ministério Público Estadual (MPE) para prestar esclarecimentos sobre as acusações. No entanto, evocando um direito constitucional, ele ficou calado durante o depoimento.
Principal alvo da operação “Santo de Casa”, desencadeada pelo MPE, em parceria com as polícias civil e militar, Magalhães foi procurado na última terça-feira em três endereços, inclusive na mansão de sua propriedade na orla da Pampulha. Os agentes vasculharam a residência e levaram de lá um cofre, joias e relógios de luxo. Como Magalhães não foi encontrado, não foi possível cumprir o mandato de condução coercitiva contra ele.
A assessoria de imprensa da Câmara informou que a Procuradoria da Casa estuda a legislação para decidir, na próxima segunda-feira, se Magalhães continuará recebendo salário e tendo acesso a outros benefícios, como carro particular e celular, mesmo estando suspenso das funções.
O MPE alega que as fraudes cometidas por Magalhães e empresas fictícias acarretaram em um aumento de 140% nas despesas de publicidade da Câmara. A reportagem tentou contato por telefone diversas vezes com o advogado Leonardo Salles, que representa Magalhães, e com o próprio vereador, mas as ligações não foram atendidas.
A sala especial da Presidência, ocupada até então por ele na Câmara Municipal, também esteve na mira dos agentes. Desde esta quarta, entretanto, o presidente em exercício, Henrique Braga (PSDB), que era primeiro vice-presidente da Casa, já está instalado no local.
Plenário
No segundo dia após o afastamento de Magalhães, os trabalhos dos vereadores seguiram em ritmo lento. Eles chegaram a se reunir em plenário, mas houve falta de quórum e bate-boca. A sessão foi encerrada após quatro minutos. Braga lamentou a ausência de parlamentares e disse que vai convocar reuniões extraordinárias.
“Na abertura tínhamos 29 vereadores. Mas pelo regimento é preciso verificar o quórum antes de votar. Na recontagem, o número caiu para 17, mas são necessários pelo menos 21. Isso significa que será mais um dia de trabalho depois”, disse.
Questionado se a Câmara pode abrir um processo administrativo contra Magalhães, o tucano disse que a Casa não pode tomar qualquer atitude enquanto ele estiver afastado. “Vamos aguardar. Há cerca de 25 dias para o fim dessa legislatura. Ele pode ou não reverter a decisão judicial”, afirmou.