O ex-reitor João Grandino Rodas, que esteve à frente da USP entre 2010 e 2013, classificou a decisão de abandonar parte das obras, iniciadas em seu mandato, como um "retrocesso" e um "desmonte". Segundo ele, todos esses projetos tiveram aval dos órgãos internos da universidade, que tinham a participação do atual reitor, Marco Antonio Zago, e de outros dos atuais dirigentes.
"Ademais, havia cobertura orçamentária para as obras. No final da gestão, em janeiro de 2014, havia nos bancos, em nome da USP, cerca de R$ 2,5 bilhões", afirma. A gestão Zago diz que recursos dessa poupança são usados, desde 2014, para honrar salários de docentes e técnicos, pois a folha de pagamento excede o valor repassado pelo Estado. Com isso, a reserva caiu para R$ 1,7 bilhão, em saldo do começo deste ano.
Críticos da administração Rodas afirmam que houve excesso de gastos com obras e que parte dos projetos de infraestrutura não era prioritária para a USP. "A gestão passada investiu em obras faraônicas. Esses recursos deveriam ir para salas de aula e centros de pesquisa", diz Magno de Carvalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). "Rios de dinheiro foram jogados fora e agora querem que paguemos a conta." Segundo gestores de faculdades, uma das orientações da atual reitoria foi priorizar obras ligadas à graduação.
Rodas afirma que a USP, "pelo seu tamanho e sua presença, necessita de estrutura imobiliária condigna". Diz também que a paralisação dos projetos deu prejuízo e que os R$ 400 milhões empregados no plano de demissão voluntária de técnico-administrativos davam condições de terminar as construções. Para ele, o abandono de obras "faz parte do desmonte geral pelo qual passa a universidade, que já atingiu o funcionalismo, o Hospital Universitário".
Administração. Procurada, a atual administração da USP não quis comentar. Depois de assumir o cargo, em janeiro de 2014, o reitor Zago afirmou que na gestão Rodas as contas da universidade não eram suficientemente detalhadas. Ele abriu uma sindicância para investigar o aumento dos gastos com salários durante o mandato do antecessor, mas os resultados ainda não foram apresentados.
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