(Sevor/Divulgação)
Quarenta e cinco instituições que prestam resgate voluntário a vítimas de acidentes de trânsito nas estradas mineiras paralisaram os serviços. A interrupção, segundo associação que representa os grupos, se deve às novas regras de credenciamento exigidas pelo Corpo de Bombeiros. O reforço no socorro deixou de ser feito em importantes rodovias, como as BRs-040, 262, 116 e 381.
Uma portaria publicada em julho do ano passado deu prazo até ontem para que as equipes contem com a presença de um médico ou profissional de enfermagem nos atendimentos. Todos os socorristas deverão passar por uma capacita-ção. As ambulâncias não poderão estar pintadas em vermelho e os uniformes devem ser padronizados. Atualmente, a maioria dos participantes tem curso de Bombeiro Civil.
As mudanças visam a dar “qualidade mínima de atendimento à população”, destaca o Corpo de Bombeiros. Quem não se adequar às regras, pode receber multa de até R$ 9 mil, além da proibição de atuar em caso de reincidência.
As determinações, no entanto, têm gerado polêmica. “É um custo muito alto. Estamos pedindo diálogo para que possamos discutir essas medidas e retomar as atividades”, afirma o presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários e Equipes de Resgate de Minas Gerais, Frederico de Oliveira Coelho.
Segundo ele, o atendimento é mais eficaz em áreas onde não há unidades dos Bombeiros. O acionamento das equipes é feito por telefone ou até mesmo pela polícia. As equipes, diz Fabrício de Oliveira Coelho, atuam não só em acidentes, mas até em problemas causados pela chuva.
Quem oferece o socorro pode receber a isenção do IPVA dos veículos, desde que comprove a prestação do serviço de utilidade pública. Outro benefício concedido é por meio de parcerias com as prefeituras.
Atendimento
Durante a paralisação das equipes voluntárias, o atendimento nas estradas e demais ocorrências está garantido, assegura o Corpo de Bombeiros. Conforme o chefe da Divisão de Gestão de Atividades Auxiliares da corporação, major João Guilherme Brito Vieira, uma das principais preocupações é o socorro prestado, que deve seguir uma série de orientações, desde os primeiros contatos no local do acidente até o transporte a um hospital.
“O maior risco é o agravamento do quadro da vítima. Em muitos casos, se não for feito da maneira correta, é preferível aguardar uma equipe qualificada. O atendimento requer conhecimentos técnicos que, se não forem executados, podem levar a pessoa até mesmo à morte”, afirma o oficial, que ainda acrescenta: “além disso, não basta só estar treinado, é preciso uma capacita-ção constante”.
Equipe que atua na BR-381 fez mais de 3,6 mil atendimentos
João Monlevade, na região Central, é um dos locais afetados. O principal acesso à cidade se dá pela BR-381, onde atua o Serviço Voluntário de Resgate (Sevor). Renato Carvalho, presidente da instituição, informou que mais de 3,6 mil vítimas de acidentes foram socorridas entre 2016 e 2018. “É complicado ter que se adequar a tantas normas de maneira tão rápida”, questionou.
Para o presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Dirceu Alves, a paralisação em meio às férias preocupa. “Agora é um momento em que ocorrem excessos de velocidade e imprudência nas estradas”. Para ele, os brigadistas, desde que bem treinados, têm condições de realizar os primeiros socorros até uma unidade hospitalar.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, as mudanças são benéficas, pois priorizam normas do Ministério da Saúde, que preveem equipes com um médico registrado no Conselho Regional de Medicina e um enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem também cadastrado no órgão de classe.