Será aberta nesta segunda-feira (6) a concorrência para a construção de um terminal no Aeroporto de Confins, com capacidade para 3,9 milhões de passageiros por ano. Depois do fracasso de duas tentativas de licitar um terminal maior, porque as construtoras não aceitaram fazer a obra pelo preço calculado pela Infraero, a estatal mudou a forma da licitação e o projeto.
Com esse terminal remoto, que está sendo chamado pejorativamente de “puxadinho”, será possível atender a demanda prevista não apenas para a Copa do Mundo em 2014, mas até 2017. Nesse meio tempo, o Aeroporto de Confins será concedido à iniciativa privada e o futuro concessionário poderá fazer novo projeto de ampliação.
Na primeira concorrência, em outubro de 2012, a Infraero fixou preço abaixo de R$ 50 milhões, mas o menor preço oferecido pelas oito concorrentes foi de R$ 66 milhões. A vencedora aceitou baixar para R$ 59 milhões, o que não foi aceito. Nenhuma quis pegar a obra pelo preço estipulado pela estatal. Na segunda concorrência, não foi muito diferente.
Agora, além de mudar o projeto, a Infraero conseguiu autorização do Tribunal de Contas da União para realizar concorrência pelo Regime Diferenciado de Contratação (RDC). Nessa modalidade, ela não pode apresentar aos concorrentes um preço teto. O governo tem pressa para que a obra seja concluída antes da Copa do Mundo e, por causa disso, não é impossível que a ampliação acabe custando mais que aqueles R$ 66 milhões da primeira licitação visando a um terminal com capacidade para 5,9 milhões de passageiros/ano.
Resta esperar que o governo tire proveito dessa experiência amarga no maior aeroporto mineiro, quando for executar, em todo o país, o projeto anunciado sexta-feira passada, em Uberaba, pela presidente da República. Dilma Rousseff disse que será feita uma expansão geral em 280 aeroportos, porque o país precisa do transporte aéreo para conectar efetivamente sua grande extensão territorial.
Conforme a presidente deixou claro há cinco meses, numa reunião com empresários em Paris, o projeto é até mais ambicioso, mas só será realizado se os investidores privados demonstrarem interesse pela concessão dos aeroportos. Dilma afirmou, ao participar na França do seminário empresarial “Desafios e Oportunidades de uma Parceria Estratégica”, que seu projeto é interiorizar o transporte aéreo, com a construção de mais de 800 aeroportos regionais. O governo pensa grande – e sonha alto.