Os brasileiros não apenas ganharam mais qualidade de vida desde 1991, como confirmou o “Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil”, divulgado na semana passada por uma entidade da Organização das Nações Unidas, como estão vivendo mais. Nos últimos 30 anos, nossa expectativa média de vida aumentou em mais de dez anos, conforme a Pesquisa de Tábuas de Mortalidade, divulgada na última sexta-feira pelo IBGE. Esse aumento ocorreu de forma desigual, o que não surpreende num país que se destaca no mundo pela enorme desigualdade de renda e de oportunidades, entre pessoas e regiões. Em Minas, a expectativa de vida passou de 63,5 anos, em 1980, para 75,4 anos em 2010, data do último censo. No mesmo período, a média do Brasil cresceu de 62,5 anos, para 73,7. Os mineiros estão atrás de cinco estados, na longevidade da população. O campeão é Santa Catarina, com 76,8 anos, seguido de Distrito Federal, São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. O Estado em último lugar é o Maranhão, situado na região Norte. Foi onde nasceu, há 83 anos, um dos mais importantes políticos brasileiros – o senador José Sarney, que se encontra internado há três dias no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Os conterrâneos desse ex-presidente da República vivem em média cinco anos menos que os de Juscelino Kubitschek.
No Norte, a expectativa de vida é de 70,7 anos, a menor entre as cinco regiões brasileiras. A maior é no Sul, 75,8 anos, seguido do Sudeste, com 75,8. Embora no Nordeste não se viva muito mais que no Norte – são 71,2 anos em média – foi ali que se registrou o maior crescimento na taxa de expectativa de vida desde 1980, com aumento de quase 13 anos. Em Minas, o acréscimo não chegou a dois anos, enquanto no Brasil ficou próximo de 11 anos e três meses. Considerada só a população masculina, a pior situação é a de Alagoas, onde o senador Fernando Collor de Mello fez sua carreira política, mesmo tendo nascido no Rio de Janeiro. Seu pai era senador alagoano. Em Alagoas, a expectativa de vida dos homens é de 64,6 anos. Um dado importante nessa pesquisa: as mulheres brasileiras viviam em média 7,17 anos mais que os homens, em 2010. Trinta anos antes, a diferença era menor: 6,07 anos. O aumento da expectativa de vida das mulheres, ultrapassando os 77 anos – contra menos de 74 anos dos homens –, tem ligação, certamente, com suas conquistas sociais e econômicas, sobretudo na educação e no mercado de trabalho.