Que a crise se arrastará ainda por todo o próximo ano é consenso entre os principais executivos do setor siderúrgico, e a estratégia das empresas para garantir volume de Produção está voltada para a exportação. Reunidos na principal mesa de debates do 27º Congresso Brasileiro do Aço, que aconteceu em São Paulo, os presidentes da ArcelorMittal, Jefferson De Paula; da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch; da Gerdau, André Gerdau Johannpeter; e da Usiminas , Sérgio Leite, defenderam que o governo adote com urgência uma política de incentivo às exportações.
André Gerdau disse que a crise que o setor atravessa, “a mais profunda da história da siderurgia brasileira”, precisaria ser combatida de imediato com a retirada dos impostos sobre os produtos exportados e criação de linhas especiais de crédito para financiamento das exportações. Já Benjamin Steinbruch defendeu a estabilidade do câmbio para que o governo “não liquide quem depende das exportações”.
Eles estão corretos, mas a desistência do mercado interno me parece exagerada e até irresponsável. O salto da economia brasileira nos últimos anos foi dado por conta da inclusão de novos 40 milhões de brasileiros ao mercado de consumo. Pensar que poderemos retorná-los à condição de miseráveis e contornar o déficit de demanda interna com exportações envolve uma grande dose de egoísmo.
Exportações são a saída para o curtíssimo prazo, para garantir que a siderurgia, que é apenas o exemplo mais gritante dos efeitos da crise, não sucumba. Mas é também urgente que o governo comece a planejar a redução dos juros e novas fontes de liquidez e financiamento para que o consumo interno e, consequentemente, o emprego sejam retomados.