O primeiro dia de funcionamento da faixa exclusiva de ônibus das Avenidas Antártica, Sumaré e Paulo VI, na zona oeste de São Paulo, teve falhas na orientação dos motoristas, ontem, 18. Embora o mecanismo tenha facilitado a vida de quem depende de transporte público, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não conseguiu acertar a sinalização: algumas faixas de rolamento para carros ficaram muito estreitas e a motofaixa, à esquerda da pista, não foi apagada.
Mesmo assim, a maioria dos motoristas respeitou a via exclusiva e não invadiu as novas faixas. A reportagem percorreu os 3,9 quilômetros da área de restrição durante a manhã e viu poucos carros atrapalhando o deslocamento dos coletivos.
Quem depende dos ônibus para se locomover aplaudiu a iniciativa. "Minha viagem ficou 5 minutos mais rápida", disse o analista de telecomunicações Marcio de Aquino Gomes, de 30 anos, que pega ônibus na Barra Funda e desce nas proximidades da Estação Sumaré do Metrô, na zona oeste.
Seu colega, o também analista Walfrides Machado Alves, de 52 anos, foi outro que aprovou a medida. "Só espero que haja fiscalização para evitar que os carros entrem nas faixas."
Queixas
Os motoristas, porém, disseram que enfrentaram mais lentidão do que o normal. "Não gostei, não. O trânsito está aumentando, levei 20 minutos a mais para ir do Limão (na zona norte) até Pinheiros (na zona oeste)", disse a advogada Priscila de Araújo Silva, de 35 anos. Por volta das 10h30, a reportagem levou 14 minutos para ir da Praça Marrey Júnior, na Avenida Sumaré, até a esquina com a Rua Lisboa, na Paulo VI- a totalidade da nova faixa exclusiva de ônibus.
O congestionamento foi agravado pelo estreitamento das faixas para carros em alguns pontos, como próximo da Rua Apinajés. Motoristas tinham receio ao trafegar pela área.
Já a decisão de apagar a motofaixa, que existe desde setembro de 2006 no eixo Sumaré-Paulo VI e foi anunciada na quinta-feira, 14, pela CET, não havia sido devidamente implementada até meio-dia. Segundo a administração municipal, ontem a faixa já não deveria existir mais.
Contudo, não foi o que se observou. A CET informou que "o trabalho de remoção da motofaixa foi prejudicado pelas chuvas". A retirada começou a ser feita ainda à tarde, mas em caráter de "urgência". As placas indicativas já haviam sido removidas.
De manhã, muitos motociclistas continuaram usando a via exclusiva para motos. Em apenas cinco minutos, a reportagem contou 12 motos passando em um trecho da Avenida Sumaré, sentido Barra Funda, na altura da Rua Ministro Godói. Todas usaram a motofaixa.
E os motoboys se dividiam sobre o fim do mecanismo. "Acho melhor e mais seguro andar pela faixa exclusiva", disse Ademilson Amarante Paulino, de 27 anos. Já seu colega Valdemir Ribeiro Lira, de 21 anos, não gosta da motofaixa. "É ruim. Não dá opção para ultrapassar."
O sindicato da categoria, o Sindimoto-SP, mantém as queixas. "A Prefeitura não tem um pingo de respeito. Justo a da Sumaré! É uma pena. Estamos trabalhando para aumentar essas faixas. Eles não estão enxergando as motos da maneira que deviam", disse, na semana passada, o presidente da entidade, Gilberto Almeida dos Santos.
Ele disse que a entidade não foi consultada nem informada sobre a decisão da Prefeitura. "Estão na contramão da história. Não deviam desmanchar o que já está feito."
Justificativa
O diretor de Planejamento da CET, Tadeu Leite Duarte, disse ontem que a motofaixa sempre foi um "projeto-piloto", mas que "não apresentou os resultados esperados".
"Além de não melhorar em nada o desempenho na circulação dos motociclistas, ela tem um potencial de risco muito grande. Tanto que, em um primeiro momento, os estudos demonstraram que houve um aumento de 152% na quantidade de acidentes com vítimas naquele local da cidade."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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