(LEONARDO QUEIROZ/DIVULGAÇÃO)
A seca que castiga várias regiões mineiras coloca em risco o abastecimento de água no Estado. Pelo menos 25 cidades já tiveram o racionamento decretado pela Copasa, um impacto para mais de 760 mil pessoas. Outros 135municípios são alimentados por rios em situação de risco e também podem entrar em rodízio de fornecimento.
Atualmente, 20 pontos ao longo das bacias mineiras estão em um dos três estágios de risco: alerta, atenção ou restrição, conforme classificação do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Apenas duas áreas analisadas são consideradas “normais”.
Para chegar a essa divisão, o Igam considera as condições dos rios por sete dias consecutivos. Quando as vazões ficam abaixo do valor estipulado como referência, que leva em conta a série histórica de dez anos, é decretada situação de restrição. Pouco antes de chegar a esta condição, que é a mais crítica, entram em estado de alerta e atenção.
Diminuição
Na prática, atingir nível de restrição significa que a quantidade de água a ser retirada diariamente para os diversos usos deve ser diminuída. Para consumo humano, a redução obrigatória é de 20%. Já para irrigação, a diferença é de 25% e no atendimento às indústrias, de 30%.
“Se a captação de água tem que diminuir nos rios, as concessionárias precisam tomar atitudes para conseguir essa redução. Uma das alternativas é o rodízio”, afirma a gerente de monitoramento hidrometeorológico e eventos críticos do Igam, Jeane Dantas de Carvalho.
Problema
Montes Claros, no Norte de Minas, adotou o racionamento. A cidade é abastecida pelo rio Juramento, curso d’água em estado de restrição. Segundo o secretário de comunicação da prefeitura, Alessandro Freire, as residências têm ficado pelo menos 48 horas sem abastecimento.
O rodízio reflete na economia local. “Vivemos uma crise sem precedentes. As indústrias chegaram no limite e apontam para o risco de ter que parar a produção e os pequenos produtores rurais estão impossibilitados de plantar”, observa Freire.
Para a população, o racionamento é sinônimo de mudança de rotina. “A água tem caído na minha casa de três em três em dias. Com o tempo seco, meus dois filhos, de 10 e 13 anos, têm tido crises alérgicas”, conta o frentista Arley Junior Rodrigues Cardoso, de 39 anos.
Em nota, a Copasa afirma que, além dos rodízios, são adotadas medidas emergenciais nas cidades em condições de risco como perfuração de poços, apoio de caminhões-pipa e melhorias operacionais dos sistemas.
Escassez hídrica antecipada intensifica trabalho assistencial
Se antes os períodos mais críticos de escassez hídrica eram os meses de setembro e outubro, neste ano, a marca passou para julho. Já no início do segundo semestre foi necessária uma intensificação no trabalho de distribuição de água, feito pelo governo do Estado, Defesa Civil e Copasa em Minas Gerais.
“No ano passado, quando começamos os trabalhos de atendimento aos impactados pela seca em setembro, atendemos 39 cidades. Já neste ano, iniciamos em julho e foram 28 municípios. A perspectiva é aumentar muito mais até dezembro”, aponta o superintendente administrativo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), major Welvisson Gomes Brandão.
Desde 5 julho, já foram gastos R$ 1,676 milhão pela Defesa Civil na distribuição de água para comunidades que sofrem com a seca. Foram 38 caminhões-pipa de dez mil litros cada, totalizando 380 mil litros. É o maior investimento desde que essa política pública foi criada, em 2012.
Segundo o coordenador da Defesa Civil do Estado, coronel Fernando Antônio Arantes, os esforços têm sido concentrados no semiárido mineiro, área que mais sofre com a crise hídrica.
Emergência
Até o momento, 78 cidades tiveram decretada situação de emergência pela Defesa Civil em função de seca e estiagem. A maior parte delas no Norte do Estado.
“O clima da região é mais quente e seco historicamente. Mas agora a situação está ainda pior com vários córregos e rios completamente secos. Sem alternativa, muitas pessoas estão saindo da zona rural para a urbana porque em muitos locais não tem água nem furando poços artesianos”, coloca o secretário de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais, Epaminondas Miranda.
Para amenizar a situação, a secretaria tem furado centenas de poços artesianos e milhares de cisternas na região. A expectativa é de que até o meio do ano que vem as obras já estejam prontas, o que poderá amenizar os impactos do período seco na região.
“Formamos uma força tarefa com a Defesa Civil e Copasa. Cada um trabalhando para amenizar os impactos da seca no Estado”, afirma Miranda.Editoria de Arte / N/A