Abertura do seminário de capacitação política, iniciativa da Fiemg
A Fiemg realizou na manhã desta segunda-feira (7) evento que debateu formas de qualificar a relação entre empresários e políticos no Brasil. Em comum na fala dos debatedores, a necessidade de mudar a percepção que os brasileiros têm dos políticos e da política em geral.
O debate utilizou como base uma pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que mostrou que o Brasil é o país da América Latina com menor índice de confiança interpessoal. Segundo a pesquisa, só 4,69% dos brasileiros confiam em outros brasileiros. A consequência disso, segundo os participantes, é o aumento da burocracia, a criação permanente de novas leis e uma insegurança jurídica que afasta os investidores nacionais e internacionais.
A falta de confiança é o que reina e atrapalha o Brasil, disseram os palestrantes. Segundo os debatedores, as pessoas não confiam nas outras pessoas nem nas instituições, e “o poder público também não confia na iniciativa privada”, disse o empresário Rubens Menin, um dos debatedores do evento, apontando que mudar isto é a chave para o país se desenvolver.
Segundo Menin, investir no Brasil é inevitável. “A questão não é se o Brasil irá receber investimentos internacionais; a questão é saber quando receberá”, disse. O empresário explicou que o Brasil é um dos poucos “países continentais”, com grande território e população, e que isso torna o país um local especial para investimento. Porém, segundo ele, para que esse investimento chegue ao país é preciso um projeto de nação e o aumento da confiança institucional.
O evento foi a abertura da “1ª Capacitação Política”, que pretende criar mecanismos que possibilitem o preparo político dos industriais e faz parte do programa “Imersão Indústria”. As conversas foram moderadas pelo colunista do Hoje Em Dia, Fábio Caldeira.
Também presente como um dos debatedores, o ex-governador mineiro e ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Antônio Anastasia, disse que muita gente acredita que no Brasil prevalece a “Lei de Gerson”, segundo a qual todos querem ganhar vantagem em tudo, mas que isso “não é uma verdade e não é mais aceitável”.
Para resgatar a confiança institucional, Anastasia defendeu que é necessário bom senso e equilíbrio. “Hoje, quando me dizem que alguém tem bom senso, essa pessoa já sai na frente, pois bom senso é uma característica essencial nos dias atuais”, disse.
Para o anfitrião do evento, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, ao pensar a relação dos empresários e da população com a política, é necessário mudar a percepção que os brasileiros têm dos políticos. Segundo ele, “ser político hoje é um ato de coragem”, disse, ao afirmar que existe uma criminalização que afasta da vida pública as pessoas que mais estão dispostas a contribuir com o desenvolvimento da sociedade.
Mauri Torres, presidente do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, disse que “não existe democracia sem parlamento e não existe parlamento sem políticos. A gente precisa prestigiar e auxiliar quem se dispõe a exercer esta tarefa”, disse. O ex-governador mineiro Alberto Pinto Coelho, que também fez parte da conversa, avaliou que “o diagnóstico está dado; faltam as ações concretas”.