(Flávio Tavares)
Uma semana após parte da BR-356, na região Centro-Sul da capital, ser interditada por afundamento de pista, famílias resistem em deixar casas que estão em local de risco e o trânsito na rodovia testa, diariamente, a paciência dos motoristas. Congestionamentos têm sido registrados nos horários de pico.
Um muro de contenção que sustenta a via no encontro com avenida Nossa Senhora do Carmo, na altura do trevo do Belvedere, pode desabar. Moradias da Vila São Bento, comunidade próxima ao Morro do Papagaio, estão localizadas junto à estrutura e devem ser desocupadas.
Para garantir a agilidade da ação, uma liminar foi expedida pela Justiça no último sábado, obrigando os moradores a deixar a área. Após a notificação, que começou a ser feita nessa segunda-feira (19), eles têm até 48 horas para sair. Vinte e oito das 34 famílias ainda permanecem no local. Se não ocorrer a desocupação, haverá a retirada compulsória com a ajuda da Polícia Militar.
Técnicos do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagens de Minas Gerais (DEER-MG) já trabalham no reforço estrutural do muro, mas a obra só será concluída com a liberação das residências.
Em alerta
Em sete dias, apenas seis famílias deixaram a vila. Quatro foram para novos imóveis e duas para a casa de parentes. Um caminhão da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) foi disponibilizado para a mudança. A cabeleireira Lucineia Santos de Almeida foi uma das que desocupou a moradia. Ela está em um barracão na mesma comunidade, mas fora da área de risco.
Já a dona de casa Andreia Pereira ainda não tinha previsão para sair. “Estou aguardando. Ainda não sei para onde ir. Faltam informações sobre as nossas possibilidades”.
De acordo com a Urbel, todos os moradores estão sendo orientados sobre os trâmites da desocupação. Quem deixar o local terá direito ao Bolsa Moradia, no valor de R$ 500, por seis meses. Eles também podem usar o caminhão da companhia. Quem for para casas de parentes, poderá armazenar os pertences em local disponibilizado pelo governo municipal.
Fluxo de veículos deve aumentar na próxima semana
Duas faixas da BR-356 estão fechadas. Com a proximidade da Semana Santa, a rodovia que é a principal saída para a BR-040, rumo ao Rio de Janeiro, deve receber um fluxo ainda maior de veículos. Retenções no trânsito têm sido constantes durante todo o dia e congestionamentos se formam no horário de pico da tarde.
Como os desvios não são tão simples e precisam ser feitos por dentro dos bairros Belvedere ou Santa Lúcia, de acordo com a BHTrans, o engarrafamento impacta toda a região.
“Talvez, até resolverem o problema, o ideal seria interditar tudo para que não ocorra nenhum acidente”, sugeriu o analista de sistemas Samuel Souza, de São Paulo, que ontem passava pela rodovia com destino a Tiradentes, na região Central do Estado.
Conforme o DEER-MG, as duas faixas interditadas no sentido Rio de Janeiro atendem as necessidades da obra e não há previsão de bloqueio total da pista.
Enquanto isso, quem passa pelo local sente receio em transitar em uma área com perigo de desabamento. “Se há o risco de cair em quem está embaixo, no caso os moradores da vila, há risco para quem transita pela estrada. Não é lógico liberar lá e permanecer com a circulação normal por aqui”, observa o gerente de vendas Sérgio de Almeida Santos, morador da região.
Alternativa
Diante dos congestionamentos, a melhor alternativa, sugerida pela BHTrans, é a avenida Raja Gabaglia, que também dá acesso à BR-356. O deslocamento, porém, fica bem maior do que passando pelo trecho interditado.