A Federação Nacional dos Médicos (Fenam), representando 53 sindicatos, entra na tarde desta terça-feira (27), com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o programa Mais Médicos, do governo federal. A informação é do presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simce), José Maria Pontes. "Não somos contra a vinda de médicos cubanos a Fortaleza, mas esses médicos são da Escola Latino-Americana de Medicina e são proibidos de exercer a profissão em Cuba. Então, por que eles podem exercer suas funções no Brasil?", questiona.
De acordo com Pontes, a denúncia que os médicos da Escola Latino-Americana de Medicina são proibidos de atuar em Cuba foi feita numa audiência pública com o ministro da saúde, Alexandre Padilha, e ele não teria contestado. "O pior é que só fazem essas missões e ganham apenas 700 reais dos 10 mil reais que o governo brasileiro está prometendo. R$ 2.300,00 vão para família e R$ 7 mil, para o governo cubano. Na verdade, é um trabalho escravo que estamos denunciando", destaca.
Segundo ele, os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) não darão o registro para os cubanos. "Isso é uma palhaçada. Nós fomos recebidos com spray pimenta em Brasília e os cubanos são recebidos com festa no Brasil. Temos médicos brasileiros excelentes. O que não presta é a saúde pública brasileira e os conselhos já consultados não darão o registro para eles medicarem no Brasil", reclama.
Conforme Pontes, os "cubanos não podem operar porque não sabem". "Eles podem fazer um estrago muito grande no Brasil. Isso é um crime", adverte. Nesta segunda-feira, 70 cubanos começaram treinamento na capital cearense para o Mais Médicos. Na aula inaugural do treinamento, cerca de 200 médicos cearenses protestaram e exigiram que os cubanos se submetam ao Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida). O treinamento será de três semanas e eles serão avaliados por professores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Escola de Saúde Pública do Estado. Eles chegaram na tarde deste domingo, 25, direto de Havana. Do total, 60% são profissionais do sexo feminino e 40%, masculino.
Cada um deles tem curso de Medicina de seis anos e mais três anos de especialização. "Mais de 700 municípios ficaram sem médicos na primeira etapa do Mais Médicos e vamos preencher com estes médicos cubanos, portugueses, argentinos e espanhóis", disse o secretário nacional de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, presente no domingo à recepção aos médicos cubanos que chegaram portando bandeiras de Cuba e do Brasil.