Foco é despesa pública, diz Meirelles, que evita falar sobre reforma trabalhista

Estadão Conteúdo
19/09/2016 às 16:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:53
 (Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, recusou-se nesta segunda-feira, 19, em São Paulo, a comentar sobre a proposta de reforma trabalhista que o governo pretende enviar para o Congresso. Questionado sobre o assunto durante almoço-debate promovido pelo Lide, ele lembrou que o tema gerou bastante controversa na imprensa recentemente e disse que o foco agora é aprovar a PEC de gastos e a reforma da Previdência.

"O fracasso de tentativas anteriores é que muitas vezes se tenta atacar todos os problemas ao mesmo tempo. O Brasil tem desafios grandes, como a reforma tributária, a trabalhista, etc. O foco agora é despesa pública, envolve itens de grande peso no debate, como a questão das despesas com saúde, educação. Depois, temos a reforma da Previdência, que vai gerar grande comoção popular, o que é normal e legítimo. Posteriormente a isso, nós vamos olhar todas as demais reformas", comentou.

Juros

Assim como aconteceu na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde participou de evento pela manhã, Meirelles foi questionado sobre o aumento dos juros reais, em meio à queda da inflação. Ele respondeu que sempre defendeu a autonomia do Banco Central e que, quando estava no comando do BC, percebia que ministro da Fazenda dando palpite sobre juros atrapalha. "A inflação caindo é uma excelente notícia, não é uma má notícia", afirmou.

Ele lembrou seu histórico à frente da autoridade monetária e disse que, de 2005 - quando começou a valer o centro da meta de inflação de 4,5% - a 2010, quando ele saiu do governo, o IPCA ficou três anos acima da meta e três abaixo. "Isso é o ideal para o BC, já que inflação em cima da meta é uma improbabilidade estatística. Isso é o que todo BC hoje no mundo persegue, a inflação oscilando em torno da meta", afirmou.

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Aprovação da PEC

O ministro da Fazenda afirmou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem dito que a PEC de gastos deve ser aprovada pela Casa até o início de novembro e que, assim, é razoável esperar que o Senado, que tem bem menos parlamentares, dê o aval final para o projeto até o fim deste ano. Em ocasiões anteriores, Meirelles também citou Maia, mas o prazo para votação na Câmara era outubro, não novembro.

Segundo Meirelles, se a PEC não for aprovada este ano, do ponto de vista fiscal não haverá problema, pois no Orçamento de 2017 o governo já utilizou o mecanismo de crescimento real zero das despesas. "Mesmo assim, eu considero muito importante que seja aprovada este ano, em função das expectativas econômicas, da confiança para retomarmos os investimentos e o crescimento."
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