O fogo que castiga a Serra do Mel, em Montes Claros, desde às 5h de domingo (14), consumiu na noite de segunda-feira e na madrugada de terça-feira mais 20 hectares de área protegida e tombada pelo Patrimônio Histórico de Montes Claros. Ao todo já são 64 hectares consumidos pelo incêndio. O monitoramento apontou que as chamas ainda resistiam a 300 metros da comunidade de Palmito e a pouco mais de um quilômetro do Parque Estadual da Lapa Grande.
Às 6h10 desta terça-feira, equipe do 7º Batalhão de Bombeiros Militar chegou à Serra do Mel, onde na noite anterior a força dos ventos e o terreno acidentado dificultaram a ação de voluntários da Brigada 1 e brigadistas do Parque Estadual da Lapa Grande. Quase meia-noite, imagens dos drones do Instituto Grande Sertão (IGS) davam a exata dimensão do perigo. Entretanto, de acordo com a assessoria da corporação, “mesmo com equipe de 18 militares e o uso de abafadores, bombas costais, moto serra e sopradores e combate indireto com confecção de aceiros, tão logo escureceu o combate foi interrompido por questão de falta de segurança para o pessoal envolvido”.
AERONAVE
Nas primeiras horas da manhã, militares do Corpo de Bombeiros e diretores do Instituto Estadual de Florestas (IEF), iniciaram negociação com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) buscando o deslocamento de uma de suas seis aeronaves de combate a incêndio (Air Tractor) para não repetir o que ocorreu em 2015, quando o fogo consumiu três dos 15 mil hectares do Parque Estadual da Lapa Grande. É que é de responsabilidade da SEMAD manter a vigilância sobre incêndios florestais em todo o Estado.
Em áudio enviado à reportagem, após o monitoramento, o ambientalista Eduardo Gomes, presidente do IGS, observou que “os danos ao patrimônio natural são incalculáveis porque a área queimada é de Mata Seca e Mata Atlântica, sem nenhuma proteção e que foi ocupada irregularmente, sem licença ambiental, o que contribui mais ainda para afirmarmos que as chamas tiveram início em fogo irresponsável, criminoso”. Diante das imagens de drone e fazendo uso de dados de satélite, alertou às 16h que “o fogo infelizmente evolui mais o Oeste, vai ficando mais acentuado porque atinge o topo da elevação, uma ameaça a centenas de pessoas que vivem na comunidade vizinha (Palmito). Mais ainda, Gomes lembrou que o fogo que atingiu seu ponto mais forte depois da meia noite e que ainda não provocou maiores danos ambientais porque “a baixa temperatura e a maior umidade relativa do ar minimizaram a situação, até então totalmente fora de controle”.
Igualmente na manhã de ontem, a coordenadora da Brigada 1, Maria de Fátima Procópio, garantiu que seus 30 voluntários desde à primeira hora buscam informações acerca da direção e intensidade das chamas, revelando que “o fogo já consumiu um dolinamento (gruta) gigante e agora pela manhã 17 brigadistas do IEF formam uma linha na comunidade de Palmito para conter avanço do fogo.” Também advogada, Procópio opinou que “o incêndio de 2015 no Lapa Grande e agora na Serra do Mel reforçam a premissa de que, mesmo com o aparado dos órgãos ambientais, a ação voluntária é primordial, porque, além da vegetação, as queimadas carbonizam espécies inclusive ameaçadas de extinção”.
A comunicação do 7º BPM confirmou os dados publicados pela reportagem. Deu conta que o primeiro foco de incêndio na segunda-feira aconteceu pela manhã no Parque Guimarães Rosa, onde foram gastos cerca de 5000 litros d’água no combate e a área queimada foi de aproximadamente mil metros quadrados. Contudo, destacou que “por volta das 14h30 um novo incêndio atingiu a vegetação no interior do parque, ameaçando algumas residências, controlado com a ação de duas equipes e caminhões da corporação e da Copasa, pois o combate consumiu mais de 18 mil litros de água”.