Fonte de resistência: Cultura do sorgo é alternativa para o Norte de Minas

Jornal O Norte
30/08/2007 às 15:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:14

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Em meio a certeza do período da seca todos os anos, o norte-mineiro já se acostumou a ter que enfrentar as dificuldades advindas desse período. O cenário praticamente não muda. Falta de água, sede entre os homens e os animais. No campo, os produtores, mais precisamente os que enquadram na remessa da agricultura familiar, vêem seus pequenos feitos morrem.

Por tal motivo, as pesquisas agropecuárias revelam que, além de vontade política, é preciso soluções que alimentem os animais e as pessoas. Nesse sentido, as pesquisas sobre sorgo da Epamig- Empresa de pesquisa agropecuária de Minas Gerais, tanto quanto da Embrapa- Empresa brasileira de pesquisa agropecuária, levam em conta a deficiência dos recursos hídricos na região.




Sorgo: Fonte de resistência (foto: divulgação)

Para eles, a cultura do sorgo é uma das que mais se adaptam às características naturais do Norte de Minas. Mais resistente do que outras culturas agrícolas quanto à falta de água no solo, o sorgo tem grande potencial de desenvolvimento na região. Em parceria com diversas instituições públicas e privadas, a Embrapa vem incentivando a cultura do sorgo no Norte de Minas. A empresa, em seu programa de melhoramento genético, já desenvolveu cultivares de sorgo que se adaptam bem ao semi-árido, não só mineiro, como também da região Nordeste do país.

As pesquisas da Embrapa revelam que a cultura do sorgo no Brasil apresentou avanço significativo a partir da década de 70. Nesses poucos mais de 30 anos, a área cultivada tem mostrado flutuações, em decorrência da política econômica, tendo a comercialização como principal fator limitante.

Atualmente, a cultura tem apresentado grande expansão (20% ao ano, a partir de 1995), principalmente em plantios de sucessão a culturas de verão, com destaque para o estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e região do Triângulo Mineiro, onde se concentram aproximadamente 85% do sorgo granífero plantado no país.

Existe a expectativa de plantio de 850.000 hectares para a atual safra, com base na estimativa de sementes comercializadas e em vias de comercialização. Essa área poderá ser responsável pela produção de 1.700.000 t de grãos. Projeções feitas sobre o potencial de expansão da cultura indicam aumento de até seis vezes da área plantada, ainda nesta década, sem risco de excesso de oferta.

Para o Brasil, é estrategicamente importante ter uma área ocupada com sorgo, para a garantia do abastecimento de grãos. A produção brasileira de grãos depende quase que exclusivamente da precipitação pluviométrica. Em anos com a ocorrência de condições desfavoráveis, normalmente há déficit na produção de grãos e o sorgo, sendo uma cultura de vocação para cultivo em condições adversas de clima e solo, poderia reduzir o impacto desse fator no abastecimento de grãos.




(fonte: IBGE)

O investimento na promoção da produção e utilização do sorgo no Brasil se justifica dentro da política estabelecida pelo governo, que seria o aumento da eficiência, qualidade e competitividade dos produtores, e pelo conceito mundialmente aceito de agricultura sustentada.

Novas pesquisas sobre o sorgo serão validadas hoje na fazenda experimental da empresa em Jaíba, durante evento que abrangerá temas como produção da cana-de-açúcar e de sorgo.

A expectativa da Epamig é reunir aproximadamente 500 produtores. Presenças como a do ex-ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli é certa. (Com Embrapa)

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